PLANO ECONÔMICO
de Donald Trump
Impostos
Quer extinguir o imposto a heranças acima de US$ 5,4 milhões, reduzir o tributo sobre lucro de empresas de 35% para 15%, cortar de sete para três as faixas do imposto de renda e ampliar a dedução de gastos com filhos
Regulação
Propõe moratória na criação de regras para a economia (não determinou prazo)
Clima e energia
Pretende retirar os EUA do acordo de Paris sobre o clima por achar que limitar as emissões de gases-estufa fere a economia
Livre-comércio
Quer deixar a Parceria Transpacífico (TPP) e rever o Tratado Norte-Americano de Livre-Comércio (Nafta), por “roubarem empregos” cas para imigração; outro falou que ele tinha “mãos pequenas”, repetindo provocação com conotação sexual do senador Marco Rubio, ex-rival nas prévias. Todos foram retirados por seguranças.
Adepto da espontaneidade, Trump usou teleprompter para ler seu discurso.
Depois de defender que “os ricos paguem uma cota justa” de impostos, prometeu eliminar uma brecha tributária que beneficia “investidores de Wall Street e pessoas como eu, mas que é injusta para trabalhadores”.
Hillary Clinton, a rival democrata, foi alvo: ela “passou a carreira votando para subir impostos” e propõe nova alta que “somaria US$ 1,3 trilhão” (análises independentes ratificam a conta).
O discurso dividiu analistas ouvidos pela Folha.
Diretor do centro de estudos Tax Foundation, Kyle Pomerleau diz que o corte “seria pró-crescimento, pois os negócios se disporiam mais a investir, elevando produtividade e salários”.
Mas a queda brusca na arrecadação, calcula, drenaria US$ 12 trilhões (25% da recei- ta federal) em uma década.
Para a economista brasileira Monica de Bolle, do Peterson Institute, “faltou explicar à sociedade que impacto isso teria nas contas públicas”.
O Brasil, “que costumava ter melhor relação com governantes republicanos, que sempre defenderam a globalização”, perderia com a eleição de Trump —“anômalo” em seu partido pelo “protecionismo e isolacionismo”.
Para Robert Shapiro, da Universidade Columbia, Trump teve dois méritos: conseguiu ser um pouco mais específico no plano econômico, ainda que haja lacunas, e atacou um peixe grande— Hillary—, deixando intacta a jugular de quem o criticasse (os manifestantes em Detroit).
Orgulhoso de suas credenciais empresariais, o dono da Organização Trump sempre considerou a economia como seu trunfo.
Em baixa nas pesquisas gerais, é o preferido do eleitorado na área. Em sondagem de agosto da conservadora Fox News, 50% o veem como mais capacitado para liderar a recuperação econômica; 45% apontam para Hillary.