Efeito El Niño e ação humana agravam seca
O fenômeno El Niño é apontado como principal fator para a seca no sul amazônico. Mas a ação humana, ao desviar leitos para abastecer fazendas e destruir a mata ciliar para pastagens, agravam a estiagem na região.
“A estação chuvosa já foi mais seca, e quando se entra na estação seca ela fica mais intensa do que o normal, devido ao aquecimento dos oceanos, o El Niño no Pacífico, um pouco do Atlântico e o Pacífico Norte, perto da costa da Califórnia”, diz a pesquisadora Liana Anderson, do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais).
Segundo dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as chuvas nos meses de junho e julho no Acre ficaram abaixo da média do período nos últimos anos —inclusive em relação a 2005, quando o Estado teve sua pior crise de incêndios florestais, com quase 10 mil focos.
“Uma coisa que alguns estudos já apontaram é para o aumento da estação seca na Amazônia. Isso significa que as chuvas que deveriam chegar em outubro estão atrasando. A estação seca está demorando mais para terminar”, afirma Liana.
O Cemaden avalia que a estiagem de 2016 pode provocar grandes impactos sociais e econômicos para o Acre, em especial na produção rural.
Dados do Centro de Monitoramento de Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que o número de focos de calor no Acre, em julho, cresceu 44% em comparação com o mesmo mês de 2005, ano do pico das queimadas.
No Acre, a seca também foi intensificada pelo impacto da pecuária nas margens do rio homônimo, que resulta na destruição da mata ciliar.
Também é apontado como causa para o agravamento da seca o desvio de igarapés e outras nascentes para fornecer água para abastecer o açude das fazendas da região.