Folha de S.Paulo

Uma mãe apaixonada por crochê e jogos de tênis

- FERNANDA PEREIRA NEVES

Lydia não tinha vestido ou sapatos para a festa de casamento de dois colegas. Com 18 anos, ela nem tinha um convite, mas gostava de dançar e decidiu aproveitar a desistênci­a da irmã, a verdadeira convidada. Pegou uma roupa emprestada e foi à festa.

A jovem, que havia aprendido a dançar com um tio, dois anos antes, durante uma viagem ao Rio, foi à festa por causa dos passinhos e rodopios na pista de dança, mas acabou encontrand­o também Antônio Luiz, seu “primeiro e único homem” —frase que ela repetiu até o final da vida.

O namoro dos dois durou seis anos, o casamento, quase 30, até a morte dele, em 1989. Sempre calma e carinhosa, Lydia conseguia amenizar o jeito tempestuos­o do marido. Costumava dizer que estava tudo bem e soltava um “paciência” quando as coisas davam errado. Havia momentos de irritação, desentendi­mentos, mas duravam pouco.

Dividia com o marido o gosto por esportes, em especial, pelo tênis. Praticou por 30 anos, até sofrer uma fraturar no fêmur, em 1989. Ficou mais caseira com a contusão e os jogos passaram a ser acompanhad­os apenas pela TV.

O crochê era outra paixão de Lydia. Fazia casaquinho­s e mantinhas para familiares, amigos e até desconheci­dos. Era encontrar uma grávida na rua para prometer uma peça para o enxoval. Promessa que ela sempre cumpria.

Gostava muito de animais, tendo a poodle Chérie como uma grande companheir­a.

Completou 90 anos em março, já internada devido a um câncer de mama. Morreu dia 2, deixando dois filhos, quatro netos, três bisnetos, sobrinhos e sobrinhos-netos. coluna.obituario@grupofolha.com.br

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