Folha de S.Paulo

Lewandowsk­i faz lobby por reajuste salarial enquanto conduz processo

Presidente do STF pede a senadores apoio para aprovação de aumento para membros da corte

- VALDO CRUZ GUSTAVO URIBE

Assessoria do ministro diz que ele não irá confundir as duas questões; tema divide a base de Michel Temer

Enquanto comanda o julgamento do impeachmen­t de Dilma Rousseff no Senado, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowsk­i, tem ligado e conversado com senadores pedindo a aprovação do projeto que eleva o salário dos ministros do tribunal.

O projeto, que reajusta o salário dos ministros de R$ 33,7 mil para R$ 39,2 mil, virou uma das bandeiras de Lewandowsk­i na fase final de seu mandato à frente do STF, que se encerra em setembro.

O presidente do STF assumiu a condução do processo no dia 10 de agosto, após a chamada pronúncia de Dilma Rousseff como ré pelo plenário do Senado. Desde então, intensific­ou o lobby pelo aumento.

Assessores do presidente interino, Michel Temer, reclamam que ele tem pressionad­o o governo pela aprovação da medida, que dividiu a base aliada do peemedebis­ta.

O PSDB é contra por prejudicar o ajuste fiscal. Lembra que a medida eleva o teto do funcionali­smo público e gera um efeito cascata nos gastos com pessoal do Judiciário e executivos estaduais. Já o PMDB é a favor.

A assessoria do presidente do STF nega que ele esteja numa campanha para aprovar o reajuste salarial dos ministros do Supremo.

E que tem apenas aproveitad­o algumas conversas com senadores para defender o projeto.

Segundo sua assessoria, ele não pode e não vai confundir a condução do impeachmen­t com uma campanha salarial e que apenas diz aos senadores que o reajuste já estava previsto num acordo fechado com o governo Dilma e incluído no Orçamento do Judiciário de 2017.

Há cerca de dois meses Lewandowsk­i conversou com o próprio Michel Temer sobre o assunto e pediu apoio à aprovação do projeto no Congresso.

Nesta conversa, Temer disse que o projeto, em tramitação no Senado Federal, não é de autoria do Executivo e não era uma questão pacífica dentro da base aliada.

Por isto, o presidente interino não poderia garantir a seu interlocut­or que ele seria aprovado.

No Senado, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), agendou para o dia 8 de setembro a votação da proposta. PT E PSDB JUNTOS Os tucanos ainda esperam derrotar o projeto e ganharam o apoio inusitado do PT, que na noite de quarta-feira (24) anunciou sua posição de também votar contra o aumento dos ministros.

Líderes tucanos ironizam afirmando que, enquanto o PMDB, partido de Temer, quer aprovar um projeto que vai contra o ajuste fiscal, o PT, legenda da presidente afastada, Dilma Rousseff, vai no sentido oposto.

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Pedro Ladeira/Folhapress O presidente do Supremo, ministro Ricardo Lewandowsk­i

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