Michel Butor morre na França, aos 89 anos
Escritor foi um dos criadores do nouveau roman, movimento literário dos anos 1950
O escritor francês Michel Butor, um dos criadores do movimento nouveau roman ao lado de Alain Robbe-Grillet e Claude Simon, morreu nesta quarta-feira (24), aos 89 anos, informou sua família ao jornal francês “Le Monde”.
A morte de Butor, laureado com o prêmio Renaudot por “A Modificação” (ed. Itatiaia), em 1957, foi confirmada à AFP pela editora Gallimard. O escritor morreu no hospital de Contamine-surArve, na região de Alta Saboia, no leste francês.
No Brasil, ele publicou ainda “Inventário do Tempo” (Nova Fronteira) e “Repertório” (Perspectiva).
Em 2005, foi um dos convidados da Bienal do Livro do Rio, que naquele ano prestou homenagem à França.
Surgido nos anos 1950, o nouveau roman foi um movimento que questionava o realismo literário. Seus autores chegavam a escrever um livro em cada estilo diferente. Para se ter uma ideia, Butor fez “A Modificação” quase todo na segunda pessoa do plural, técnica não tão comum na escrita de romances, mas que lhe rendeu imitadores.
Para os críticos, Butor, autor de livros em diversos gêneros, inovou as estruturas narrativas com o livro. Seus romances, ensaios e poesias escapavam aos padrões.
O autor recebeu, em 2006, uma exposição na Biblioteca Nacional francesa em homenagem à sua obra. Na ocasião, o intelectual declarou que “escrever é derrubar barreiras”.
Em suas experimentações, chegou a publicar livros que eram objetos de arte.
Há dois anos, ele recebeu o grande prêmio de literatura da Academia Francesa (instituição correspondente à Academia Brasileira de Letras).
Nascido em 14 de setembro de 1926, em Mons-en-Baroeul, filho de um inspetor ferroviário, Michel Butor diplomou-se em filosofia, fez doutorado em letras e ainda trabalhou como professor.
Pai de quatro filhas, Butor teve como trabalho derradeiro uma obra publicada há quatro meses na coleção “Os Autores da Minha Vida”.
O escritor também se dedicou à crítica literária , caso de “Repertório”. Em suas análises, estudou desde os formalistas russos até escritores contemporâneos seus. Teve seus principais livros publicados pela Éditions de Minuit, do lendário editor Jerôme Lindon.
Nos últimos anos, refugiou-se em sua casa e pouco aparecia em público ou dava entrevistas à imprensa.