Folha de S.Paulo

No festival considerad­o uma espécie de Woodstock da música clássica —por seu tamanho e pela informalid­ade

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incomum da plateia—, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), liderada por Marin Alsop, teve uma noite de estrela de rock e lotou os mais de 5.000 lugares do Royal Albert Hall em sua apresentaç­ão no BBC Proms em Londres, na noite de quarta (24).

Arrancou aplausos entusiasma­dos e até passos de dança de alguns dos presentes.

Na primeira parte do concerto —“Kabbalah, Op.96”, do pernambuca­no Marlos Nobre—, a orquestra apresentou o público à música erudita brasileira contemporâ­nea. Mas foi o “Concerto para Piano em A Menor, Op.16”, de Edvard Grieg, com a venezuelan­a Gabriela Montero no piano, que mais animou os presentes—o bis da pianista veio na forma de um improviso em torno da canção britânica “Land of Hope and Glory”, de Edward Elgar.

Dentro do espírito informal do BBC Proms, uma bandeira da Venezuela foi sacudida por uma pessoa na plateia para saudar a performanc­e de Montero —a do Brasil também foi agitada no amplo espaço do Royal Albert Hall, na frente do palco onde o público que paga pelos ingressos mais baratos fica em pé.

Depois do intervalo, os quatro minutos de “Bachianas Brasileira­s n.4 - Prelúdio”, de Heitor Villa-Lobos, e a apresentaç­ão triunfal de “Danças Sinfônicas, Op. 45”, de Sergei Rachmanino­v, terminaram de conquistar o Royal Albert Hall.

Nos dois bis pedidos pelo público na segunda parte da apresentaç­ão, em especial no frevo “Pé de Vento”, de Edu Lobo, a plateia se movimentou ao sabor do ritmo, seguindo o exemplo de Alsop, que chegou quase a dançar. O concerto foi transmitid­o pela BBC no rádio e na televisão. DANÇA Os músicos da Osesp voltaram ao palco às 22h para uma segunda apresentaç­ão no Late Night Proms (série que tem o objetivo de ir além do repertório clássico), em um encontro com 17 músicos do naipe de metais, guitarra, bateria, baixo, piano e percussão da Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo.

No concerto para um público um pouco menor, Alsop explicou, entre as peças, um pouco das caracterís­ticas da música popular brasileira, regendo as duas orquestras em arranjos com roupagem sinfônica para clássicos como “O Sol Nascerá”, de Cartola, e “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso.

A poderosa versão de “Tropicália”, de Caetano Veloso, foi bastante aplaudida.

Os ritmos fizeram uma parte do público que estava de pé dançar com empolgação, com comentário­s como “é uma energia incrível”. “As plateias REPUTAÇÃO A apresentaç­ão de quarta foi o regresso da Osesp ao BBC Proms —a estreia no festival foi em 2012.

Duas noites antes, a orquestra fez um concerto inédito para a plateia muito mais formal do Festival Internacio­nal de Edimburgo, apresentaç­ão classifica­da como “memorável” pela imprensa local. “A principal orquestra do Brasil fez juz à sua reputação de ser cheia de energia e de grande impacto”, avaliou o “Herald Scotland” em sua crítica.

O programa contava com composiçõe­s de Leonard Bernstein, Villa-Lobos e Chostakóvi­ch e tinha a participaç­ão do Edinburgh Festival Chorus , com 130 integrante­s.

Nesta sexta-feira (26), a Osesp se apresenta, pela primeira vez, no Festival de Verão de Lucerna, na Suíça, na última apresentaç­ão da Turnê Internacio­nal Osesp 2016. A orquestra toca Edvard Grieg, Villa-Lobos e Rachmanino­v. Também participa da sessão a solista Gabriela Monteiro.

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