Folha de S.Paulo

Prévia em São Paulo teve belos momentos e alguns desafios

- SIDNEY MOLINA

FOLHA

No dia 17, uma semana antes dos concertos no Royal Albert Hall, a Osesp fez um simulado do repertório de Londres. A enorme receptivid­ade do público —em especial no concerto popular das 22h, que teve a participaç­ão de seção rítmica e dos sopros da Orquestra Jazz Sinfônica— antecipava uma igualmente ótima recepção na Europa.

Para além dos aplausos calorosos, porém, seria importante que alguns detalhes musicais amadureces­sem na semana final de preparação, o que pode ter perfeitame­nte ocorrido nos ensaios e passagens de som da turnê.

Do programa para a série principal do BBC Proms, apenas o “Concerto para Piano” de Grieg (1843-1907) —já testado em abril— não foi apresentad­o na semana passada.

“Kabbalah” é uma vibrante peça de Marlos Nobre, e foi muito bem tocada. A única questão é a de uma certa redundânci­a na repetição literal: talvez o efeito fosse ainda mais impactante se o desenlace fosse atingido de uma vez, “da capo al fine”.

Marin Alsop regeu com igual qualidade a outra obra brasileira, o “Prelúdio” das “Bachianas Brasileira­s n.4”, de Villa-Lobos (1887-1959). Já às “Danças Sinfônicas” de Rachmanino­v (1873-1943) faltava ainda acabamento, detalhes de sonoridade que mantêm o ouvinte preso à cadeira.

Prevista para a série Late Night Proms, a parceria com a Jazz Sinfônica trouxe uma gama ampla de temas populares brasileiro­s trabalhado­s por arranjador­es de peso.

No início de “Folhas Secas” houve alguma hesitação rítmica, e ficou escondido o solo de fagote em “Feira de Mangaio”. Também não é fácil equilibrar cordas e metais no arranjo de Ruriá Duprat para “Tropicália”.

Por outro lado, foi uma beleza ouvir a versão de Proveta para “1X0”, de Pixinguinh­a (1897-1973) —com solo arrasador da saxofonist­a Paula Valente—, bem como o perfeccion­ismo de “Bebê”, de Hermeto Pascoal, e “Frevo”, de Gismonti, na abordagem de André Mehmari. E, ao final, sobrou a inteligênc­ia polifônica com que Laércio de Freitas revestiu “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso (1903-64). AVALIAÇÃO muito bom AVALIAÇÃO bom

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