Folha de S.Paulo

Em milhões de ton/ano Se nada for feito [R]evolução Energética

- EDUARDO SODRÉ MICHELE LOUREIRO

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COLUNISTA DA FOLHA

Ao vincular benefícios fiscais à maior eficiência de motores a combustão, o programa Inovar-Auto faz as montadoras renovarem a mecânica de seus carros. Há casos em que a redução de consumo e emissões chega a 30% em comparação às opções anteriores. Pena que o avanço tenha ocorrido tão tarde.

Além de terem uma legislação ambiental mais rigorosa, países da União Europeia adotam há quase dez anos modelo de imposto definido por índices de gás carbônico. Quanto maiores as emissões dos carros, maior será a taxa.

No Brasil, a tributação baseia-se na cilindrada, sem considerar que um motor 1.6 de última geração é menos agressivo ao meio ambiente do que opções 1.0 que remontam aos anos 1990.

“Os impostos não devem ser relacionad­os às tecnologia­s, mas, sim, aos resultados que elas proporcion­am. Se o sistema fiscal fosse vinculado à eficiência energética, haveria incentivo para que os consumidor­es investisse­m em carros menos poluentes”, diz Miguel Fonseca, vice-presidente da Toyota do Brasil.

Por outro lado, o país tem a vantagem do etanol, que poderá ser usado em carros híbridos —a própria Toyota tem estudos nessa área, para aplicação no modelo Prius.

Enquanto o futuro não chega, as fabricante­s correm atrás dos benefícios fiscais e do tempo perdido. Os motores estão passando por reduções de atrito interno, para evitar desperdíci­o de energia. Daí vem as opções com três cilindros, que possui menos partes móveis.

“Além da redução de atrito, há dois pontos fundamenta­is para o aumento da eficiência: o melhor gerenciame­nto térmico dos motores e a evolução da aerodinâmi­ca dos carros. Não existe um componente único que resolva todos os problemas”, diz Sandro Soares, gerente de engenharia do grupo FCA (Fiat Chrysler Automotive)

DO COLUNISTA DA FOLHA

Carros híbridos e elétricos representa­m 5% da frota global, número que tende a crescer por meio de incentivos fiscais e exigências legais. No Brasil, somente 846 veículos com essas tecnologia­s foram emplacados em 2015, o que representa 0,04% do total de vendas no período.

“Os preços elevados distanciam esses veículos do grande público, e eles oferecem vantagens como a maior durabilida­de”, diz Ricardo Guggisberg, presidente da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico).

A redução de valores não está ligada somente a impostos menores: é preciso ter baterias que permitam maior autonomia e infraestru­tura para recarga rápida, pontos que tornariam mais atraentes os carros sem fumaça.

“O único consenso que temos é que a eletricida­de será a forma de propulsão do futuro, mas qual país conseguiu implementa­r essa tecnologia

FOLHA

Mais do que design e preço, o professor e empresário Aníbal Franklin de Azevedo Filho, 67, sempre levou em consideraç­ão autonomia, quantidade de emissão de gases poluentes e economia de combustíve­l na hora de escolher um veículo.

Azevedo faz parte de um ainda seleto grupo de donos de carros híbridos e elétricos, que segundo a associação do setor soma cerca de 2.500 unidades no país.

Neste ano, comprou um i3, da BMW, por R$ 160 mil —cerca de 30% a mais do que pagaria em um modelo similar a gasolina. Para ele, a conta de liberação de 120 gramas de CO2 por quilômetro rodado não fechava. de forma massificad­a? Há avanços, mas não na velocidade que se previa”, diz Antonio Megale, presidente da Anfavea (associação nacional que representa os fabricante­s de veículos).

Para a ABVE, o interesse irá aumentar quando os consumidor­es começarem a conhecer benefícios que vão além dos ganhos ambientais.

Pelos cálculos da entidade, o quilômetro rodado com um veículo elétrico custa R$ 0,05, cerca de quatro vezes menos que o gasto com um compacto 1.0 abastecido com etanol (R$ 0,19/km). Plugar o carro na tomada por oito horas gera um gasto equivalent­e ao de um ar-condiciona­do de 9.000 BTUs.

A maior quantidade de elétricos nas ruas também não seria um problema, segundo dados da CPFL. A empresa calcula que, se a frota de carros desse tipo chegar a 10% do total em 2013, o processo de recarga representa­rá um aumento de 1,6% na demanda por energia. (EDUARDO SODRÉ)

Todos os dias, Azevedo percorre cerca de 40 quilômetro­s com o carro em São Paulo. Ele recarrega a bateria de íons de lítio do modelo duas vezes por semana, em casa e na escola onde trabalha. Lá, o veículo atiça a curiosidad­e dos alunos. “Eles pensam que é uma coisa de outro mundo.”

O modelo precisa de sete horas para o carregamen­to completo e possui autonomia média de 160 quilômetro­s. Azevedo usa tomadas tradiciona­is de 220 volts e a conta de energia, diz, não teve grandes alterações.

“Não preciso mais ir ao posto de gasolina e economizo, em média, R$ 350 em combustíve­l por mês.” Para ele, o carro elétrico é mais confortáve­l. “Não faz barulho e não tem vibração.”

 ?? Fotos Marcus Leoni/Folhapress ?? Linha de produção da usina de biomassa em Porto Ferreira (SP) O empresário Aníbal de Azevedo Filho e seu i3, da BMW
Fotos Marcus Leoni/Folhapress Linha de produção da usina de biomassa em Porto Ferreira (SP) O empresário Aníbal de Azevedo Filho e seu i3, da BMW

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