Folha de S.Paulo

Solução bendita

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O roteiro é antigo e batido. Basta o governo de plantão entrar em crise ou patinar que todos culpam o setor de comunicaçã­o como o responsáve­l pelos erros e desacertos. Um grande engano.

Claro que se comunicar bem é essencial. E também é função dos responsáve­is da área corrigir discursos equivocado­s e vender o que está sendo produzido, mas não é bem compreendi­do pela população.

Fora o óbvio, o fato é que muitas vezes os agentes públicos, ao apontarem o dedo acusatório para a comunicaçã­o, deixam de corrigir os erros na sua origem. Aí, a mudança é cosmética e não dá resultados.

O governo Dilma é exemplo clássico. Foi teleguiado pelo melhor dos marqueteir­os. Enquanto a economia ia bem, tudo perfeito. O país entrou em crise e de nada adiantou a fantasia da campanha eleitoral. Até reelegeu a petista, mas a realidade se impôs e Dilma caiu.

Agora, o governo Temer bate cabeça na largada. De novo, como em outras gestões, fala-se em mudar a comunicaçã­o para reagir. Só que o problema são ministros que falam demais e de forma desencontr­ada. Falta uma unidade no discurso de um governo parlamenta­rista.

Uma ala da equipe de Temer, por exemplo, defende divulgar na mídia os números da herança maldita deixada por Dilma. Até para evitar que daqui a pouco não caia no colo de Temer a culpa por mais de 12 milhões de desemprega­dos.

Outra ala advoga que esse tempo passou. Agora, a população não quer mais saber de Dilma e seus erros malditos, sejam eles quais forem. Deseja é que o atual governo apresente uma solução bendita que faça o cresciment­o da economia voltar e o desemprego cair.

Por sinal, esse deve ser o foco do governo. Não só da sua comunicaçã­o, mas de todos. Fazer o que for preciso para consertar a economia. Sem isso, não vai sair do lugar. Pode contratar até um mágico, mas seguirá patinando.

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