Folha de S.Paulo

‘Cestas leves’ tentam driblar fiscalizaç­ão

- DO ENVIADO A CIUDAD DEL ESTE (PARAGUAI) E A FOZ DO IGUAÇU (PR)

Apesar das apreensões, ainda compensa arriscar e comprar no Paraguai, segundo sacoleiros ouvidos no país vizinho. A Folha encontrou um grupo de paulistano­s que viaja três vezes por semana para buscar mercadoria­s para lojas da capital e que, ao término da jornada, monta “cestas” de produtos para tentar não exceder US$ 300, 30 itens e 30 kg de peso.

No piso de uma galeria paraguaia, dividem em kits DVDs automotivo­s, brinquedos (dinossauro­s de plástico, bonecas e miniaturas de carros), cremes, suplemento­s para atletas, bebidas e pacotes de cigarro.

“É óbvio que a destinação é comercial, a fiscalizaç­ão pode dar trabalho, mas é o jeito que temos para tentar viver”, disse o líder da viagem, João Marques. O grupo não foi parado por agentes.

A esteticist­a Mônica Cavalcanti Garcia, do Rio, viajou com um grupo de amigas por 25 horas para comprar especialme­nte perfumes e presentes para o Natal. Como ela, compristas afirmaram à Folha que remédios, eletrônico­s, cigarros e perfumes dão lucros superiores a 100%.

“O contraband­o de cigarro é tão vantajoso quanto o tráfico de drogas”, diz Paulo Kawashita, da Receita. Uma caixa com 500 maços pode ser comprada, dependendo da marca, por R$ 324,80, ou R$ 0,65 por maço —vendido depois por até R$ 3,50 no Brasil.

Os assaltos também assustam —nos últimos quatro anos, foram ao menos 30 em estradas que cortam SP e PR.

PAULO KAWASHITA

chefe da equipe operaciona­l da Receita Federal em Foz do Iguaçu (PR)

Os sacoleiros cometem ilegalidad­e, mas geralmente são pessoas que não são violentas. Nesse ponto, é um problema menor que o de operações que envolvem grandes quadrilhas

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