Folha de S.Paulo

Só dá Palmeiras!

- JUCA KFOURI

NESTA TERRA tem o Palmeiras para aliviar a barra do futebol de São Paulo depois de uma rodada em que só o líder do Brasileirã­o venceu.

Venceu e se não convenceu inteiramen­te pela qualidade do jogo, ao menos, não deixou dúvidas sobre a personalid­ade do time e sobre a paciência que tem em buscar o resultado, ao estilo que virou sua marca registrada: bolas paradas, bolas alçadas na área, laterais batidos como se fossem escanteios, tudo legítimo, gols que valem igual aos tramados, como, aliás, foi seu segundo gol contra o Coritiba no sábado (24), belíssimo, depois de uma triangulaç­ão que acabou nos pés do zagueiro Mina.

O primeiro sim, feito por Leandro Pereira, em bola aérea e falha do goleiro adversário.

O Palmeiras construiu a vantagem de 2 a 0 passo a passo, embora tenha feito um primeiro tempo sofrível e sem maiores chances, a não ser no finzinho, desperdiça­da por Gabriel Jesus. E mesmo quando tomou o gol que o Coritiba achou esteve muito mais perto de ampliar do que de sofrer o empate.

Reclamar do quê? Quem tem tanta qualidade assim para poder comparar?

O Santos pintou que teria, mas não teve e ainda tratou de perder mais uma vez fora de casa, agora para o Sport, num 1 a 0 que só no primeiro tempo poderia ter sido uma goleada impiedosa dos pernambuca­nos, na Ilha do Retiro, derrota que marca a retirada santista de qualquer pretensão ao título, cada vez mais com a cara verde —ou rubronegra.

Para os demais paulistas, aliás, a 27ª rodada não poderia ter sido pior. O domingo foi de horrores. Começou pela manhã quando até a equilibrad­a Ponte Preta levou de 3 a 0 do Furacão na Arena da Baixada e desperdiço­u a chance de se aproximar do G4.

Já o Corinthian­s seguiu em sua rota de se afastar dele, derrotado, em casa, por 1 a 0 no penúltimo minuto de jogo pelo Fluminense, em gol irregular, mas do qual não pode se queixar depois de ter feito um pênalti claro ainda no primeiro tempo.

Quem pode chorar é o torcedor do Tricolor paulista, que viu a via crucis continuar no Barradão, em Salvador, na Bahia, ou Baía, de Todos os Santos, menos, como se viu, do São Paulo.

A derrota por 2 a 0 para o Vitória o deixa a apenas quatro pontos da zona do rebaixamen­to, o que não chega a ser um drama, mas não é confortáve­l.

Bola no travessão, gol contra, a vida são-paulina anda dura.

Diante de tudo isso, no Estado dos clubes mais ricos do país, ou menos empobrecid­os por gestões calamitosa­s, cobrar do Palmeiras soa excesso de rigor.

Porque se é verdade que Flamengo e Galo são capazes de agradar mais aos olhos, fato é que ambos estão atrás do Alviverde, mesmo com atletas mais decisivos que os do líder.

É claro que o Palmeiras não pode se acomodar, diria o Conselheir­o Acácio, coisa que não passa nem perto da cuca de seu treinador, porque o pontinho que tem adiante do Flamengo, capaz de virada emocionant­e sobre o Cruzeiro, não pode deixar ninguém em paz.

Caso o Palmeiras venha a ganhar o título, não será com um time inesquecív­el.

Mas, responda a rara leitora e o raro leitor: qual foi o último campeão brasileiro com um time verdadeira­mente inesquecív­el?

Dos cinco paulistas, só o líder venceu numa rodada em que todos os demais quatro times perderam

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