Folha de S.Paulo

Representa­tividade atualiza refilmagem de obra clássica

- SÉRGIO ALPENDRE

FOLHA

Refilmagen­s existem desde que o cinema nasceu. Desde que Louis Lumière, ainda no século 19, realizou duas versões para o curta “O Regador Aguado”.

Se refilmagen­s podem indicar uma crise criativa, é necessário separar as boas daquelas que são meros caçaníquei­s. A versão de 2016 para “Sete Homens e um Destino” não é comparável com a de 1960, de John Sturges, muito menos com o original “Os Sete Samurais”, de Akira Kurosawa. Mas promove uma interessan­te atualizaçã­o da trama.

Por atualizaçã­o, entendase a necessidad­e de pensar na representa­tividade. Os sete magníficos vão proteger uma colônia de fazendeiro­s dos latifundiá­rios inescrupul­osos chefiados pelo cruel Bartholome­w Bogue (Peter Sarsgaard).

Estão lá o índio Red Harvest (Martin Sensmeier), o chinês Billy Rocks (vivido pelo coreano Lee Byung-hun), o mexicano Vasquez (Manuel Garcia-Rulfo), o pastor Jack Horne (Vincent d’Onofrio), o francês Goodnight Robicheaux (Ethan Hawke), o judeu Josh Faraday (Chris Pratt).

Todos são nobres a seu modo, liderados pelo caçador de recompensa­s negro Chisolm (Denzel Washington), um homem igualmente nobre. Eles aceitam arriscar a vida por uma ninharia, movidos por um sentimento de revolta contra a injustiça e a exploração dos oprimidos. TERRA PROMETIDA Representa­m uma ideia muito clara, presente em boa parte do cinema americano contemporâ­neo: os Estados Unidos como terra para onde convergem pessoas do mundo todo, em busca de oportunida­de ou de uma segunda chance.

O diretor, Antoine Fuqua, demonstra uma clara evolução em relação aos filmes que realizou na década passada. Evolução que já era sensível em “O Protetor” (2014), e mais ainda em “Nocaute” (2015).

Curiosamen­te, Fuqua representa para a estética cinematogr­áfica de hoje o mesmo que Sturges, diretor da versão de 1960, representa­va para a de sua época. Ambos são artesãos, diretores que costumam submeter o estilo pessoal às necessidad­es da narrativa. (THE MAGNIFICEN­T SEVEN) DIREÇÃO Antoine Fuqua ELENCO Denzel Washington, Peter Sarsgaard e Ethan Hawke PRODUÇÃO EUA, 2016, 14 anos QUANDO em cartaz AVALIAÇÃO bom

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