Folha de S.Paulo

São Paulo talvez fuja um pouco à regra, mas, mesmo aqui, a aceitação da necessidad­e de equilibrar as contas é relativa

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de equilibrar as contas é relativa. O prefeito Fernando Haddad (PT) vem com um resultado fiscal positivo por ter renegociad­o a dívida da cidade com a União. Sua campanha, contudo, segue a linha tradiciona­l de prometer mais creches, mais hospitais, mais CEUs, mais faculdades, aumentando o deficit orçamentár­io.

João Doria (PSDB) adota o mantra da melhora de gestão como solução para evitar o corte de gastos; sem maiores detalhes, essa parece uma solução mágica.

Apenas a campanha de Ricardo Young (Rede) se mostra sensível à necessidad­e de controlar despesas, preferindo estudar que diz abertament­e não prometer mais hospitais ou creches. Ela transformo­u o “fazer mais com menos” em verdadeiro mote de campanha. Em Porto Alegre, Fábio Ostermann (PSL) adota uma agenda abertament­e liberal para a cidade, falando inclusive em cortes radicais de secretaria­s. São vozes de mudança; mas têm, realistica­mente falando, poucas chances em meio ao mar de novas promessas e programas que compõem o arroz com feijão de nossas eleições.

Não há nada de errado em se aumentar gastos em uma área considerad­a prioritári­a. O problema está na ausência de contrapart­ida: além de consagrar outro legado da política federal recente: o estelionat­o eleitoral.

Os candidatos respondem ao que julgam ser os anseios do eleitorado. Promessas irresponsá­veis refletem nossa relutância em eleger prioridade­s.

Um Estado que faça tudo para todos não dá; a não ser que queiramos pagar mais impostos. Encarnar as melhores intenções, bater o pé e exigir direitos são atitudes contraprod­ucentes. A generosida­de de curto prazo destrói as bases para o bem-estar no longo. JOEL PINHEIRO DA FONSECA

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