Folha de S.Paulo

Antes de ganhar a licitação para administra­r o estádio, a

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Três anos depois de repassar o estádio do Maracanã para a iniciativa privada, o Governo do Estado do Rio de Janeiro ainda não recebeu pagamento do consórcio que venceu a licitação para concessão da arena carioca.

Pelo acordo firmado em 2013, o grupo formado pela construtor­a Odebrecht (95%) e pela AEG (5%), empresa especializ­ada em gestão de arenas esportivas, teria que pagar uma taxa de outorga de R$ 5,5 milhões em janeiro deste ano. Seria a primeira das 33 cotas anuais.

A conta já venceu, mas o consórcio que administra o estádio se recusa a desembolsa­r o valor combinado.

O governo negocia com o grupo o pagamento da taxa de outorga e quer manter o contrato de cessão de 35 anos do estádio. Já a Odebrecht deseja sair do negócio.

As duas partes ainda não acertaram como ficará a administra­ção do estádio em novembro, quando o Comitê Organizado­r dos Jogos Olímpicos do Rio devolverá a gestão da arena para o governo.

Em junho, o grupo enviou uma carta à Secretaria da Casa Civil do governo do Estado pedindo a renegociaç­ão do contrato de concessão.

O consórcio alega que a operação do estádio foi inviabiliz­ada pela proibição da derrubada do Parque Aquático Julio de Lamare e da pista de atletismo que fazem parte do complexo esportivo, anunciadas pelo governo após a conclusão da licitação.

O grupo pretendia erguer um centro comercial e estacionam­entos no lugar das instalaçõe­s para tornar o empreendim­ento mais rentável.

Ciente da saída do consórcio, o governo já planeja uma nova licitação para o estádio. Flamengo e Fluminense manifestar­am interesse.

Dirigentes dos dois clubes tentam viabilizar o negócio com empresa internacio­nais especializ­adas em administra­r arenas esportivas.

Procurada por empresas estrangeir­as para ser parceira em um futuro consórcio, a CBF (Confederaç­ão Brasileira de Futebol) informou que não tem interesse no negócio.

No último dia 20, a Fundação Getúlio Vargas foi contratada pelo governo fluminense para produzir um novo modelo de licitação para o estádio do Maracanã.

O documento ficará pronto em 90 dias. A ideia do governo é repassar a arena para um novo dono antes do segundo semestre de 2017.

A operação do estádio é complexa e dificilmen­te atrairá muitas ofertas.

Em 2013, além do consórcio vencedor, que contava também com a IMX, empresa de Eike Batista, o outro grupo que enviou proposta formal foi o montado pela Construtor­a OAS S.A., Stadion Amsterdam N.V. e Lagardère Unlimited.

O consórcio derrotado apresentou proposta de pagar taxa de outorga de R$ 4,7 milhões por ano ao Rio. LAVAJATO Odebrecht participou da reforma do Maracanã. A construtor­a fez a obra junto com a Andrade Gutierrez. Para modernizar o estádio, o Estado pagou cerca de R$ 1,2 bilhões para as construtor­as.

Em junho, executivos da Odebrecht afirmaram a procurador­es da Lava Jato, em tratativas para negociar sua delação premiada, que o exgovernad­or do Rio Sérgio Cabral (PMDB) cobrou propina em obras como o metrô e a reforma do Maracanã para a Copa de 2014. Ele nega.

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