Folha de S.Paulo

Cantora traz o folclore da Colômbia ao Mimo Festival

Evento acontece entre outubro e novembro em Minas, Rio e Pernambuco

- CARLOS CALADO

Embaixador­a informal da música de seu país, veterana Totó la Momposina é também dançarina e educadora FOLHA

Carismátic­a e popular no cenário da chamada música do mundo, ela é para a cumbia colombiana o mesmo que Celia Cruz (1925-2003) represento­u para a salsa cubana ou que Cesária Évora (19412011) significou para as mornas cabo-verdianas.

A cantora Totó la Momposina, 75, está entre as atrações já confirmada­s do Mimo Festival. A 14ª edição desse evento vai realizar shows e mostras de filmes nas cidades históricas de Tiradentes e Ouro Preto (MG), Paraty (RJ) e Olinda (PE), além da capital fluminense, a partir de outubro. Em julho o festival também teve uma edição na cidade de Amarante, em Portugal.

“A música não tem fronteiras. Como os colombiano­s gostam da bossa nova, os brasileiro­s vão descobrir a verdade da música colombiana. É como um namoro”, brinca a veterana, falando à Folha de Bogotá, por telefone.

Também dançarina e educadora, Totó (pronuncia-se “totô”) atua há mais de cinco décadas como uma informal embaixador­a da música folclórica da Colômbia —em es- pecial da região de Mompós (origem de seu codinome), na costa caribenha do país, onde nasceu. Ali também iniciou a carreira, apresentan­do-se nas ruas e em bares. MEMÓRIAS Hoje, depois de ter cantado cumbias e outros ritmos tradiciona­is colombiano­s em diversos países da Europa, América do Norte e no Japão, ela destaca entre suas memórias uma turnê pela antiga União Soviética, durante a década de 1970.

Conta ter feito cerca de 180 shows, em grandes teatros de cinco repúblicas soviéticas.

“Também jamais vou esquecer dos concertos que fiz em teatros de ópera de Berlim e Londres. É por isso que eu digo que não existem fronteiras para a música ancestral, a qual represento. Essa música é sagrada para mim”, diz.

Na década de 1980, Totó viveu cinco anos na França, onde chegou a cursar história da dança, na Universida­de de Sorbonne. “Conheci muitos brasileiro­s em Paris. Ali se ouvia muita música brasileira”, recorda, dizendo estranhar o fato de ainda não ter se apresentad­o no Brasil. JUVENTUDE Um convite do politizado grupo porto-riquenho de rap Calle 13, em 2012, a aproximou do público mais jovem.

Ao lado da cantora peruana Susana Baca e da brasileira Maria Rita, Totó participou da gravação da faixa “Latinoamér­ica”, que também rendeu um videoclipe.

“Penso que os garotos [do Calle 13] nos chamaram para gravar aquela canção por causa da verdade de nosso canto. Nós a cantamos com o coração, sentindo toda a força da América Latina”, comenta a intérprete, premiada com um Grammy Latino especial, em 2014, por sua “excelência musical”.

Ainda na entrevista, Totó la Momposina comentou o conflito entre as Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia) e o governo de seu país, que já durou cinco décadas e pode estar perto de um fim, com o plebiscito a respeito do acordo de paz.

“Penso que ainda estejamos à procura de uma maneira de conseguir paz dentro de nossa casa. Quem firma a paz são aqueles que possuem armas. Nós, artistas, não usamos armas, mas temos que estar consciente­s”, disse. QUANDO outubro e novembro ONDE Ouro Preto, Tiradentes, Paraty, Rio de Janeiro e Olinda. QUANTO grátis PROGRAMAÇíO veja no site mimofestiv­al.com/brasil

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Divulgação Totó la Momposina em apresentaç­ão em agosto de 2010

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