Folha de S.Paulo

Banda paulistana excede o ‘funk de enciclopéd­ia’ em novo álbum

Ainda dançante, ‘Morro do Chapéu’ revela ousadia experiment­al

- RAFAEL GREGORIO

Se em sua aurora o Charlie e os Marretas se graduou na ciência do funk, no novo “Morro do Chapéu” o grupo paulistano parece ter pulado etapas rumo a uma arrojada tese de pós-doutorado.

“O primeiro disco era bem chegado na música dançante dos anos 1970”, diz o baixista Guilherme Giraldi. “Agora, deixamos a releitura e brincamos com atmosferas”.

Faz sentido: o groove não é galho, mas árvore vistosa na qual se penduram frutos literais, como James Brown, e outros menos óbvios, como a psicodelia do Funkadelic, o esmero de Marcos Valle ou até a provocação do melody.

Ainda que o pop dançante siga como pressupost­o, o segundo disco cita outras paisagens, mesmo que pontuais, da lambada ao reggae. Também evolui o canto, tanto nas letras, narrativas e sensoriais, quanto na variação de vozes.

No canto, abundam distorção e até afinação digital enquanto opção estética. Como Caetano e Gal em “Autotune Autoerótic­o”, tradução meio Leblon do funk do morro.

Antecipado pela Folha (ouça em folha.com/no1817637), o álbum sai em “discobjeto”, caixa de madeira em edição artesanal e limitada. A ideia é explorar outras funções que download e streaming relegaram à mídia musical. CHARLIE QUER DANÇAR Com a missão de fazer dançar ainda que “na marreta”, o grupo nasceu em 2009 em torno do baterista e cantor Charles Tixier, o Charlie. Ele produziu “Morro do Chapéu” com Gui Jesus Toledo, do estúdio Canoa, bunker do selo Risco.

Fecham o time marreta Filipe Nader (saxofones), Amilcar Rodrigues (trompete), Tomás de Souza (teclado e voz), Biel Basile (percussão e voz) e André Vac (guitarra e voz).

O primeiro disco, que leva o nome do grupo, de 2014, chamou a atenção pela precisão do golpe em faixas como “Baile da Pesada”, divulgadas em palcos de música autoral em São Paulo.

Em 2012, aproximado­s por Bruno Borges, o DJ Niggas, os Marretas viraram banda de apoio de Di Melo. Mito do soul, O Imorrível andava esquecido após o álbum de 1975 com temas como “Kilariô”.

“Ele marcou um monte de shows, desvirgino­u a banda”, diz Giraldi. Simbiótica, a relação devolveu o veterano à cena e, agora, vira bagagem. QUANDO sábado (8), às 21h ONDE Auditório Ibirapuera QUANTO R$ 10 a R$ 20, pelo site ingressora­pido.com.br

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Jonas Tucci/Divulgação Nader, Amilcar (de pé), André, Charles, Tomás, Basile e Giraldi lançam disco no sábado (8)

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