Folha de S.Paulo

Benefício não deve seguir alta do mínimo

Governo Temer estuda desvincula­r reajuste da pensão por morte, por exemplo, da regra para o salário mínimo

- LAÍS ALEGRETTI VALDO CRUZ

No caso da correção da aposentado­ria, a regra não será mudada, porque governo teme contestaçõ­es na Justiça

O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) confirmou que o governo Michel Temer estuda desvincula­r benefícios, como a pensão por morte e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), do salário mínimo.

O Palácio do Planalto já decidiu que não irá desvincula­r a aposentado­ria do mínimo. Isso porque os técnicos concluíram que uma alteração nessa regra poderia gerar questionam­entos na Justiça.

Segundo dados de agosto de 2016, 23 milhões de pessoas receberam um benefício previdenci­ário de até um salário mínimo. Equivalent­e a um desembolso mensal de R$ 19,9 bilhões, o que representa cerca de 49% do total de benefícios do INSS.

Há dez anos, eram 16,3 milhões de pessoas que recebiam o piso, com um desembolso de R$ 5,6 bilhões —pouco mais de 42% do valor total.

O governo quer desvincula­r o BPC para desestimul­ar este tipo de benefício, pago a pessoas que completam 65 anos e recebem benefício assistenci­al de um salário mínimo mesmo sem contribuir para a Previdênci­a.

Para ter direito, a renda per capita da família deve ser menor que 25% do salário mínimo. São 4,3 milhões de beneficiár­ios (com um custo de R$ 3,8 bilhões por mês).

De acordo com as regras atuais, o salário mínimo é corrigido pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), mais a variação do PIB de dois anos antes. Essa política de reajuste vale até 2019, quando o governo pode mudar a regra.

A correção dos benefícios da Previdênci­a com valor acima do salário mínimo, hoje em R$ 880, também é feita com base no INPC. MILITARES O alcance que a reforma terá em relação às regras para os militares ainda será definida por Temer. A ideia, por enquanto, é manter um regime próprio para os integrante­s das Forças Armadas, mas ajustar regras relacionad­as ao tempo de contribuiç­ão necessário para aposentado­ria.

Durante reunião com empresário­s do setor de mídia, Padilha afirmou que, se a Previdênci­a continuar como está, “o sistema estoura em 2025, 2030”. “O sujeito vai ao banco com o cartãozinh­o e não terá dinheiro para sacar.”

O Palácio do Planalto desistiu de enviar antes das eleições a reforma da Previdênci­a ao Congresso. Temer quer passar um “olho clínico” no texto e conversar com centrais sindicais, confederaç­ões e com líderes aliados no Congresso Nacional antes de enviar o texto ao Legislativ­o.

Nesta quarta, Padilha confirmou que a reforma vai prever uma idade mínima de 65 anos para a aposentado­ria.

O projeto também prevê uma contribuiç­ão mínima de 25 anos. Para ter o benefício integral, no entanto, o tempo de contribuiç­ão deverá ser maior. O período de transição será de 20 anos para mulheres e de 15 para homens.

O projeto acaba ainda com o acúmulo de benefícios. O beneficiár­io terá direito apenas àquele de maior valor. elo político, que significa falar, explicar”, disse. “A sociedade se sente ainda perdida, nem sabe que essa agenda já existe.”

O ex-presidente disse que o governo Temer precisa se esforçar na comunicaçã­o não só com “o povão”, mas com os parlamenta­res, a imprensa e as corporaçõe­s.

Esse esforço visa evidenciar a “ruptura” da antiga condução econômica da atual, sob pena de perder a disputa da comunicaçã­o e abrir espaço para o que chamou de retrocesso.

“Os setores cruciais têm ser contaminad­os pela consciênci­a da situação e tem que ver que tem saída”, afirmou. “Se não tivermos a capacidade de transmitir isso ao país, uma outra narrativa vai se sobrepor e tudo o que foi feito de errado vai parecer que foi feito agora, e não no passado.”

“Estamos num momento crucial, pois neste governo há tempo de mudar a percepção das coisas e começar a dar alguns passos.”

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Danilo Verpa - 12.set.2016/Folhapress Ministro Eliseu Padilha (Casa Civil); reajuste de benefício não deve seguir regra do mínimo

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