Folha de S.Paulo

Repatriaçã­o exclui políticos e condenados

Líderes partidário­s acertam novas mudanças em programa que permite regulariza­r dinheiro mantido no exterior

- RANIER BRAGON DANIEL CARVALHO

Relator tira pontos polêmicos do projeto, masdeputad­osdevem propor emenda durante votação na Câmara

Após reunião com líderes dos partidos governista­s, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEMRJ), disse nesta quarta (28) que o projeto que altera o programa de repatriaçã­o de recursos ilegais no exterior excluirá a possibilid­ade de adesão de condenados e políticos.

A primeira possibilid­ade constava no texto preliminar do relator do projeto, Alexandre Baldy (PTN-GO), mas o próprio deputado disse ser contra a medida após a ideia ser veiculada na imprensa.

A inclusão dos políticos no programa deve ser proposta por emenda a ser apresentad­a durante a votação do projeto em plenário, possivelme­nte na próxima quarta (5).

“Conversei com o relator e tudo que for polêmico e não houver consenso, é melhor não mexer”, afirmou Maia.

O programa de repatriaçã­o anistia brasileiro­s que declararem bens e recursos mantidos ilegalment­e no exterior e pagarem Imposto de Renda e multa sobre os saldos existentes no fim de 2014. O governo espera arrecadar até R$ 53 bilhões com o programa.

Ao discutir a possibilid­ade de políticos e familiares aderirem ao programa, Maia afirmou que não há clima no país para aprovar essa mudança.

“Esse é um tema que não vai estar no projeto. É claro que todos os recursos de origem lícita em tese poderiam ser repatriado­s, mas o Brasil vive um momento muito difícil e qualquer movimento nesse caminho vai gerar dúvida na sociedade”, afirmou.

Baldy (PTN-GO) também afirmou que não incluirá essa possibilid­ade em seu relatório sobre o projeto de lei.

A Lei da Repatriaçã­o foi aprovada em 2015, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Os contribuin­tes que aderirem ao programa devem recolher 15% de Imposto de

RODRIGO MAIA (DEM-RJ)

Presidente da Câmara dos Deputados Renda e 15% de multa. A Câmara deve estabelece­r como base para cálculo da cobrança o saldo existente em 31 de dezembro de 2014, e não todo o dinheiro movimentad­o ilegalment­e fora do país, como pretendia a Receita Federal.

Sobre a proposta de permitir a adesão de pessoas condenadas por crimes como lavagem ou ocultação de bens, Baldy se disse pessoalmen­te contra a ideia e afirmou não se lembrar de quem a sugeriu.

“Foram mais de 70 sugestões”, disse o deputado na saída do encontro com Rodrigo Maia e os líderes partidário­s.

Maia e o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), acertaram também nesta quarta as datas de votação de projetos prioritári­os para o governo na área econômica. Entre segunda (3) e terça (4), a Câmara deve votar o projeto que permite ampliar a atuação de empresas privadas na exploração do pré-sal. Na quarta (5), a expectativ­a é votar a repatriaçã­o.

A proposta de teto para os gastos públicos vai a voto numa comissão especial entre quarta e quinta (6). O governo quer fazer a primeira votação em plenário nos dias 10 e 11 de outubro, para que ela siga para o Senado até novembro. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, vai se reunir com deputados na segunda para defender a proposta.

Todos os recursos de origem lícita em tese poderiam ser repatriado­s, mas [...] qualquer movimento nesse caminho vai gerar dúvida na sociedade

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