Todo mundo tem dois terços até a hora da votação. É imprevisível.
Folha - Como avalia o início do governo Temer?
Marcelo Crivella - Uma luta tremenda. Um deficit orçamentário gigantesco e uma obrigação de cobri-lo. O Congresso deverá buscar um equilíbrio. Prevejo imensas dificuldades no governo para conseguir maioria. O processo político que deu a ele o governo deixou também uma quantidade enorme de inconformados. Pelas contas do impeachment e do Planalto o governo tem dois terços. Está errado? Qual sua avaliação sobre teto de aumento de gastos?
É preciso ter responsabilidade fiscal. Isso causa inflação, destrói emprego e corrói salário. Mas não se pode levar o país a uma convulsão. O teto pode afetar sua gestão caso eleito?
Mesmo que passe no Senado, não vejo condições de não manter os índices constitucionais [obrigatórios para saúde e educação]. O sr. foi ministro de Dilma Rousseff e votou a favor do impeachment. Quando mudou a percepção sobre o governo?
No mesmo momento que o povo brasileiro. Apoiei o afastamento da presidenta para que o país pudesse sair da crise e ela também pudesse ter tempo de se defender. Disse que o Senado tinha que ser justo, e não justiceiro. Foi o que prevaleceu. A presidente perdeu a capacidade de governar numa época de crise. É mortal e exige uma mudança de rumo. Mas é uma dama ilustre, que não havia praticado nenhum deslize. Não merecia ser afastada da vida pública. Como o sr. vê a situação do ex-presidente Lula?
Ele tem sido, de certa forma, perseguido. Ainda não há provas concretas contra ele. Não vimos o que vimos de outros: contas no exterior, coisas indesculpáveis. e evangélicos antes da refeição. Não existe uma preocupação de doutrinar as crianças. Nunca falei para as pessoas fazerem nada disso. Mas elas fazem. E eu não iria dizer para não fazerem. provou que eu estava certo. Os recursos foram devolvidos. Misturar política com religião é pegar dinheiro do Estado e levar para a igreja. Qual sua avaliação sobre o legado olímpico?