Comissão analisará atos de ministro da Saúde em campanha
Ricardo Barros tem feito promessas para apoiar candidaturas no interior do Estado
O presidente da CEP (Comissão de Ética Pública) da Presidência da República, Mauro de Azevedo Menezes, afirmou que a participação do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), em campanhas eleitorais, conforme a Folha revelou nesta quarta (28), será analisada na próxima reunião do colegiado, prevista para outubro.
Em campanha para apoiar candidatos do interior do Paraná nas eleições municipais, Barros tem feito promessas, como construir um hospital em Marialva (PR) e melhorar outro em Foz do Iguaçu (PR).
No último dia 23, valendose de uma viagem para compromisso oficial em Apucarana (PR), ele fez campanha eleitoral em pelo menos seis cidades da região, inclusive em horário de expediente. As condutas são vedadas pela resolução nº 7 da CEP, de fevereiro de 2002.
Falando em tese, sem entrar em detalhes das atividades de Barros, Menezes disse que “a autoridade não pode usar o cargo para prometer verbas, nomeações ou obras.”
O presidente da CEP afirmou que a resolução também recomenda que os ministros incluam, em suas agendas públicas, todas as atividades de cunho político-eleitoral.
Segundo Menezes, a divulgação permitiria verificar os recursos e a logística utilizados nas atividades.
Nenhum dos compromissos eleitorais de Barros tratados pela reportagem da Folha foi divulgado na agenda.
Além da resolução de 2002, o próprio governo de Michel Temer (PMDB) novamente distribuiu, como tem sido a praxe nos últimos anos de disputa eleitoral no país, uma cartilha intitulada “Condutas vedadas aos agentes públicos federais em eleições”. O manual confirma as vedações previstas na resolução da Comissão de Ética.
Em nota enviada à Folha na terça (27), por meio de sua assessoria, Barros afirma que em seus discursos durante atos de campanha eleitoral no Paraná “reforça que apoiará prioridades” em dois aspectos: “com suas emendas parlamentares de deputado federal” e “as definidas pela população e seu gestor municipal, nas atividades de ministro da Saúde”.
O ministro negou irregularidades e disse que “para todas as agendas citadas pela reportagem, os deslocamentos foram pagos com recursos próprios e nenhuma estrutura do Ministério da Saúde foi utilizada”.
Procurada na tarde desta quarta-feira (28), a Secretaria de Imprensa da Presidência afirmou que não vai se manifestar sobre o assunto.
A Folha pediu um posicionamento sobre a matéria e indagou se o presidente Michel Temer havia “liberado” os ministros para campanhas, como Ricardo Barros declarou em um vídeos publicado em redes sociais.