Números, pra que vos quero
Não podemos nos render à mediocridade de debater a importância das emissoras de televisão do Legislativo à luz dos placares de audiência
Comparar a audiência da TV Câmara com a de outras emissoras por meio de rankings que misturam alhos com bugalhos demonstra equívoco ou irresponsabilidade.
As principais pesquisas divulgadas pela imprensa consideram o alcance dos canais de TV abertos e pagos. Ocorre que a TV Câmara ainda só chega em sinal aberto (digital) a uma parte das cidades incluídas nas medições. Nas outras, está disponível só por cabo ou parabólica, o que a impede de figurar no ranking.
Gera grave distorção comparar sua audiência com a de emissoras cujo sinal aberto alcance todo o território nacional. Desde 2014, por contenção de gastos, a Câmara dos Deputados não contrata serviço de medição de audiência.
No primeiro semestre daquele ano, a última pesquisa mostrou a TV Câmara na 27ª posição no ranking exclusivo dos canais por assinatura, com alcance acumulado de 24,7 milhões de espectadores e rating de 18.610 por minuto —este último superior ao obtido por canais como Sony e GNT.
No entanto, não podemos nos render à mediocridade de debater a importância das emissoras de televisão do Legislativo à luz dos placares de audiência.
A medição mais rigorosa do ponto de vista estatístico jamais vai contabilizar as horas de retransmissão feitas por emissoras como Globo, Band e Record, ligadas diretamente à TV Câmara por fibra ótica; nenhum ranking vai levar em conta as 2.400 emissoras que reproduzem a programação da Rádio Câmara em todo o país; nem o mais honesto dos jornais vai sempre lembrar-se de mencionar que usou informações em tempo real da Agência Câmara na internet.
Se você assistiu ao vivo à votação do impeachment da presidente da República ou à cassação do presidente da Câmara, é porque os profissionais da TV Câmara trabalharam diuturnamente para que nenhum detalhe ficasse perdido nas transmissões.
Se consegue saber o passo a passo da tramitação dos projetos de lei em mais de 20 comissões, é porque há repórteres da Câmara apurando tudo com rigor. A audiência dos veí- culos de comunicação da Câmara vai muito além do alcance que podem acumular individualmente.
Qualquer ranking de medição desvirtua a dimensão de sua importância como fonte primária de informação. A transparência da atividade parlamentar é a razão de ser da comunicação no Legislativo.
Segundo o Regimento Interno da Câmara, cabe à Secretaria de Comunicação Social “zelar pela divulgação dos trabalhos parlamentares” e “implementar ações que facilitem o alcance dos veículos de comunicação da Câmara dos Deputados no território nacional”.
Também está na justificação do PRC 158/97, que criou a TV Câmara: “O Legislativo é poder concedente, sendo-lhe inerente dispor de canal próprio para informar a sociedade, com transmissões ao vivo, debates e entrevistas, sobre os assuntos de interesse público e coletivo”.
Questionar os custos dessa transparência é questionar o custo da democracia. Se nem todo mundo se interessa pelo que faz um parlamentar, certamente a culpa não é da TV Câmara. Podemos debater a reforma do ensino médio? GISELE AZEVEDO RODRIGUES,
O artigo sintetizou a polêmica que envolve a obrigatoriedade de fornecimento de medicamentos por meio de medidas judiciais. Claúdia Collucci colocou o dedo na ferida: é preciso estabelecer critérios para definir os casos em que isso deve acontecer. O problema reside justamente na dificuldade de definir que critérios seriam esses (econômicos, disponibilidade dos remédios no SUS e no país e eficácia deles no tratamento de doenças). Pelo andar da carruagem, vai demorar ainda um bom tempo para que cheguemos a um denominador comum.
JOSÉ ELIAS AIEX NETO
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Sobre o editorial “Disfunção celular” (“Opinião”, 24/9), o setor de telecomunicações ressalta que investe R$ 28 bilhões ao ano, numa infraestrutura com 350 milhões de clientes. O TCU apontou 36 mil ligações com cobranças indevidas em um ano. É preciso considerar que esse volume equivale a 0,00002% do total de 200 bilhões de ligações anuais. O setor concorda que o número de indicadores de qualidade seja reduzido e reflita a percepção do usuário. É preciso mudar regulamentos e leis para facilitar a instalação de novas antenas.
EDUARDO LEVY,