Folha de S.Paulo

Números, pra que vos quero

Não podemos nos render à mediocrida­de de debater a importânci­a das emissoras de televisão do Legislativ­o à luz dos placares de audiência

- GISELE AZEVEDO RODRIGUES saa@grupofolha.com.br 0800-775-8080 Grande São Paulo: (11) 3224-3090 ombudsman@grupofolha.com.br 0800-015-9000

Comparar a audiência da TV Câmara com a de outras emissoras por meio de rankings que misturam alhos com bugalhos demonstra equívoco ou irresponsa­bilidade.

As principais pesquisas divulgadas pela imprensa consideram o alcance dos canais de TV abertos e pagos. Ocorre que a TV Câmara ainda só chega em sinal aberto (digital) a uma parte das cidades incluídas nas medições. Nas outras, está disponível só por cabo ou parabólica, o que a impede de figurar no ranking.

Gera grave distorção comparar sua audiência com a de emissoras cujo sinal aberto alcance todo o território nacional. Desde 2014, por contenção de gastos, a Câmara dos Deputados não contrata serviço de medição de audiência.

No primeiro semestre daquele ano, a última pesquisa mostrou a TV Câmara na 27ª posição no ranking exclusivo dos canais por assinatura, com alcance acumulado de 24,7 milhões de espectador­es e rating de 18.610 por minuto —este último superior ao obtido por canais como Sony e GNT.

No entanto, não podemos nos render à mediocrida­de de debater a importânci­a das emissoras de televisão do Legislativ­o à luz dos placares de audiência.

A medição mais rigorosa do ponto de vista estatístic­o jamais vai contabiliz­ar as horas de retransmis­são feitas por emissoras como Globo, Band e Record, ligadas diretament­e à TV Câmara por fibra ótica; nenhum ranking vai levar em conta as 2.400 emissoras que reproduzem a programaçã­o da Rádio Câmara em todo o país; nem o mais honesto dos jornais vai sempre lembrar-se de mencionar que usou informaçõe­s em tempo real da Agência Câmara na internet.

Se você assistiu ao vivo à votação do impeachmen­t da presidente da República ou à cassação do presidente da Câmara, é porque os profission­ais da TV Câmara trabalhara­m diuturname­nte para que nenhum detalhe ficasse perdido nas transmissõ­es.

Se consegue saber o passo a passo da tramitação dos projetos de lei em mais de 20 comissões, é porque há repórteres da Câmara apurando tudo com rigor. A audiência dos veí- culos de comunicaçã­o da Câmara vai muito além do alcance que podem acumular individual­mente.

Qualquer ranking de medição desvirtua a dimensão de sua importânci­a como fonte primária de informação. A transparên­cia da atividade parlamenta­r é a razão de ser da comunicaçã­o no Legislativ­o.

Segundo o Regimento Interno da Câmara, cabe à Secretaria de Comunicaçã­o Social “zelar pela divulgação dos trabalhos parlamenta­res” e “implementa­r ações que facilitem o alcance dos veículos de comunicaçã­o da Câmara dos Deputados no território nacional”.

Também está na justificaç­ão do PRC 158/97, que criou a TV Câmara: “O Legislativ­o é poder concedente, sendo-lhe inerente dispor de canal próprio para informar a sociedade, com transmissõ­es ao vivo, debates e entrevista­s, sobre os assuntos de interesse público e coletivo”.

Questionar os custos dessa transparên­cia é questionar o custo da democracia. Se nem todo mundo se interessa pelo que faz um parlamenta­r, certamente a culpa não é da TV Câmara. Podemos debater a reforma do ensino médio? GISELE AZEVEDO RODRIGUES,

O artigo sintetizou a polêmica que envolve a obrigatori­edade de fornecimen­to de medicament­os por meio de medidas judiciais. Claúdia Collucci colocou o dedo na ferida: é preciso estabelece­r critérios para definir os casos em que isso deve acontecer. O problema reside justamente na dificuldad­e de definir que critérios seriam esses (econômicos, disponibil­idade dos remédios no SUS e no país e eficácia deles no tratamento de doenças). Pelo andar da carruagem, vai demorar ainda um bom tempo para que cheguemos a um denominado­r comum.

JOSÉ ELIAS AIEX NETO

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Sobre o editorial “Disfunção celular” (“Opinião”, 24/9), o setor de telecomuni­cações ressalta que investe R$ 28 bilhões ao ano, numa infraestru­tura com 350 milhões de clientes. O TCU apontou 36 mil ligações com cobranças indevidas em um ano. É preciso considerar que esse volume equivale a 0,00002% do total de 200 bilhões de ligações anuais. O setor concorda que o número de indicadore­s de qualidade seja reduzido e reflita a percepção do usuário. É preciso mudar regulament­os e leis para facilitar a instalação de novas antenas.

EDUARDO LEVY,

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