Fuga de presos deixa moradores em pânico
Dos 470 detentos que escaparam de prisão em Jardinópolis, no interior de SP, 132 continuavam soltos nesta sexta-feira
Resistentes ao presídio desde a sua instalação, moradores de distrito se assustam, trancam casa e deixam de sair
Ao se aproximar da fazenda em que iria negociar uma máquina agrícola, o produtor rural João Paulo dos Santos viu um incêndio, policiais correndo e presos em fuga.
Como ele, moradores do distrito de Jurucê, em Jardinópolis (a 329 km de SP), se assustaram com a rebelião e fuga em massa de 470 presos do CPP (Centro de Progressão Penitenciária) do município nesta quinta-feira (29). Um clima de pânico se alastrou no local, que já tinha sido contra a instalação da prisão, distante três quilômetros.
“Não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Não sabia se parava o carro e ficava quieto ou se acelerava para ir embora”, disse Santos.
O medo não é novo. Embora a prisão seja no regime semiaberto —e opere sem vigilância armada e apenas com grades, sem muralha—, o anúncio de sua criação e o período que antecederam sua inauguração, em 2013, foram marcados por críticas de moradores do distrito, que protestaram em frente ao CPP.
“Ninguém queria [o presídio], porque sabia que uma hora isso poderia acontecer, e aconteceu. Aí as pessoas ficam em pânico, trancam casa”, disse o aposentado Jorge Santos, que mora em Jardinópolis. Sua vizinha, Maria Auxiliadora Moraes, afirmou não ter saído de casa desde que soube da fuga.
Dos 470 presos que fugiram a partir das 9h da última quinta, 338 foram recapturados até esta sexta-feira (30), de acordo com a SAP (Secretaria de Estado da Administração Penitenciária).
Restavam, portanto, 132 soltos nas ruas, agravando o temor em pessoas de cidades próximas —como a publicitária Ana Paula Freitas, que trafegava na rodovia Candido Portinari, em frente à unidade prisional, durante perseguição policial aos fugitivos.
“Parecia cena de filme, com fogo de um lado, carros e mais carros de polícia de outro,