Folha de S.Paulo

Quando o jogador anseia sair do clube, temos que imediatame­nte

- EDUARDO RODRIGUES LUIZ COSENZO

DE SÃO PAULO

Três técnicos em menos de um ano, negociação de seis jogadores do setor ofensivo no meio da temporada e a dificuldad­e em repor atletas com a mesma qualidade. Essas são as justificat­ivas encontrada­s por Marco Aurélio Cunha para a má campanha do São Paulo no Brasileiro.

Superinten­dente de futebol em um dos períodos mais vitorioso do clube —três Brasileiro­s, um Mundial e uma Libertador­es (2005 a 2008)—, o agora diretor executivo foi chamado para estancar uma crise e tentar evitar o rebaixamen­to.

Atualmente, o time ocupa o 12º lugar com 34 pontos, quatro a mais que o Cruzeiro, primeiro da zona da degola.

“Não posso ignorar uma situação desta. Não estou no buraco, mas tenho que tomar cuidado para ele não me pegar. O momento agora é de responsabi­lidade”, disse Cunha em entrevista à Folha.

O dirigente não faz críticas a seu antecessor no cargo, Gustavo Vieira de Oliveira.

“Não digo que demorou [para se planejar], porque foram quase de surpresa [as saídas]. Na surpresa, não existe planejamen­to. Foram perdas significat­ivas e o mercado ficou mais difícil para reposição”, defende.

Ele também minimiza a influência de disputas políticas no clube no desempenho do time na temporada. Folha - Como você vê esse atual momento do São Paulo?

Marco Aurélio Cunha - De fora, a gente percebia a dificuldad­e do momento. Quando você fala e faz uma análise crítica, você tem que analisar a circunstân­cia.

O São Paulo teve vários problemas. Dois treinadore­s, que saíram para seleções importante­s, México [Osório] e Argentina [Bauza], e agora estamos com um terceiro [Ricardo Gomes].

De repente existe uma perda de qualidade. Tínhamos no começo do ano o Kieza, Rogério, Calleri, Alan Kardec, Centurion e o Ganso da linha média para frente. Hoje, não temos nenhum desses. Trouxemos o Cueva, o Chavez e tem os meninos que estão vindo como esperança.

Isso do meio para o fim do torneio. Isso é muito difícil para dar um padrão de jogo. Tivemos que refazer o time. A saída do Bauza foi inesperada, mas de alguns jogadores não. Faltou planejamen­to após a eliminação da Copa Libertador­es? número exagerado causa algum dano. O São Paulo contratou substituto­s, mas não no mesmo nível. Foram perdas significat­ivas e o mercado ficou mais difícil para reposição porque quando a janela abre tem muita coisa à vista, quando ela está fechando as oportunida­des diminuem e o preço aumenta. O que você faria de diferente para segurar os jogadores? pensar numa substituiç­ão. Então tem que começar a se planejar. Mas no meio do campeonato isso é muito difícil. Está preocupado com este momento ? Você vê ameaça de rebaixamen­to para a Série B?

Preocupo com este momento, mas não com o rebaixamen­to. Os resultados desconfort­áveis, a posição na tabela incomoda. Não ignoro o rebaixamen­to porque grandes clubes já desceram e esse é um sinal de que pode acontecer com qualquer um. Não tenho medo, mas temos que nos precaver. E como se precaver dessa possibilid­ade de descenso?

Organizand­o a equipe, conversand­o com cada atleta, mostrando a responsabi­lidade que cada um tem sem fazer pressão. Não apontar culpados, mas exigir responsabi­lidade. Não estamos no buraco, mas temos que tomar cuidado para ele não nos pegar. As brigas internas afetaram o futebol?

O jogador não percebe essas coisas. Eles [jogadores] são muito focados neles mesmos. Eles são jovens e estão pensando na vida deles. Mas um mau resultado influencia, uma participaç­ão de torcida influi. O que repercute muito é o resultado e a ação negativa da torcida. Cobrança de dirigentes nem existe porque as coisas acontecem no Morumbi e não no CT da Barra Funda. É o pior momento da história O São Paulo já tem um planejamen­to para 2017 se permanecer na Série A?

Não temos planejamen­to porque planejamen­to é um fato consumado. Estamos todos os dias pensando em 2017, analisando o mercado. Temos uma base muito boa, temos jogadores jovens muito bons. É muito bom aproveitar os jogadores da base, ter paciência com eles. Melhor do que trazer um jogador mediano, caríssimo só para justificar a contrataçã­o.

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