Desemprego segue em alta e atinge 11,8%
Taxa registrada no trimestre de junho a agosto é o pior resultado desde início da série estatística do IBGE, em 2012
Resultado reforça previsões de que o mercado de trabalho ainda levará tempo para se recuperar
Estatísticas divulgadas nesta sexta-feira (30) pelo IBGE indicam que a persistência de taxas de desemprego elevadas está levando muitos trabalhadores a desistir de buscar outra ocupação.
A taxa de desemprego bateu novo recorde no trimestre terminado em agosto, atingindo 11,8%. Isso significa que 12 milhões de pessoas estão procurando emprego no país, 36,6% mais do que no mesmo período de 2015.
Foi o pior resultado da série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua, iniciada em 2012 pelo IBGE.
Analistas destacaram a redução da taxa de crescimento da força de trabalho, que inclui os brasileiros acima de 14 anos que estão trabalhando ou procurando emprego.
No trimestre encerrado em agosto, eram 102 milhões de pessoas, 1,2% mais do que no mesmo período do ano passado. A população fora da força de trabalho, que não está em busca de emprego, cresceu 1,3% nesse mesmo período.
“A força de trabalho vinha crescendo a 2% e agora está desacelerando. Aparentemente, é o início de um processo de desalento”, disse Luiz Fernando Castelli, da consultoria GO Associados.
A força de trabalho crescia em ritmo acelerado porque, com o aumento do desemprego de chefes de família, outros membros da família passaram a procurar colocação.
“A desaceleração é um indicador de que está aumentando o desalento, de pessoas que começaram a buscar emprego, não encontraram e desistiram”, afirmou o pesquisador da FGV Bruno Ottoni.
O coordenador de pesquisas de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, concordou que há sinais do fenômeno, mas disse que ainda não tem estudos decisivos.
Os novos dados confirmam que o mercado de trabalho levará tempo para se recuperar da recessão. “A queda da população ocupada [2,2% na comparação com o trimestre anterior] foi muito acentuada e mostra que o cenário não está melhorando como se esperava”, afirmou Ottoni.
Pela primeira vez desde o início da crise, houve queda significativa (3,2%) no número de trabalhadores por conta própria, que vinha subindo nos últimos trimestres, como alternativa ao desemprego.
O número de empregados com carteira assinada caiu 3,8% na comparação com o mesmo período de 2015. De acordo com o IBGE, não houve variação no rendimento médio do trabalhador, que foi de R$ 2.011 no trimestre encerrado em agosto.