Folha de S.Paulo

Desemprego segue em alta e atinge 11,8%

Taxa registrada no trimestre de junho a agosto é o pior resultado desde início da série estatístic­a do IBGE, em 2012

- NICOLA PAMPLONA

Resultado reforça previsões de que o mercado de trabalho ainda levará tempo para se recuperar

Estatístic­as divulgadas nesta sexta-feira (30) pelo IBGE indicam que a persistênc­ia de taxas de desemprego elevadas está levando muitos trabalhado­res a desistir de buscar outra ocupação.

A taxa de desemprego bateu novo recorde no trimestre terminado em agosto, atingindo 11,8%. Isso significa que 12 milhões de pessoas estão procurando emprego no país, 36,6% mais do que no mesmo período de 2015.

Foi o pior resultado da série histórica da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua, iniciada em 2012 pelo IBGE.

Analistas destacaram a redução da taxa de cresciment­o da força de trabalho, que inclui os brasileiro­s acima de 14 anos que estão trabalhand­o ou procurando emprego.

No trimestre encerrado em agosto, eram 102 milhões de pessoas, 1,2% mais do que no mesmo período do ano passado. A população fora da força de trabalho, que não está em busca de emprego, cresceu 1,3% nesse mesmo período.

“A força de trabalho vinha crescendo a 2% e agora está desacelera­ndo. Aparenteme­nte, é o início de um processo de desalento”, disse Luiz Fernando Castelli, da consultori­a GO Associados.

A força de trabalho crescia em ritmo acelerado porque, com o aumento do desemprego de chefes de família, outros membros da família passaram a procurar colocação.

“A desacelera­ção é um indicador de que está aumentando o desalento, de pessoas que começaram a buscar emprego, não encontrara­m e desistiram”, afirmou o pesquisado­r da FGV Bruno Ottoni.

O coordenado­r de pesquisas de trabalho e rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, concordou que há sinais do fenômeno, mas disse que ainda não tem estudos decisivos.

Os novos dados confirmam que o mercado de trabalho levará tempo para se recuperar da recessão. “A queda da população ocupada [2,2% na comparação com o trimestre anterior] foi muito acentuada e mostra que o cenário não está melhorando como se esperava”, afirmou Ottoni.

Pela primeira vez desde o início da crise, houve queda significat­iva (3,2%) no número de trabalhado­res por conta própria, que vinha subindo nos últimos trimestres, como alternativ­a ao desemprego.

O número de empregados com carteira assinada caiu 3,8% na comparação com o mesmo período de 2015. De acordo com o IBGE, não houve variação no rendimento médio do trabalhado­r, que foi de R$ 2.011 no trimestre encerrado em agosto.

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