Folha de S.Paulo

Melhora do emprego deve começar pelo setor do comércio

Provável corte nos juros pelo Banco Central ainda neste ano deve ajudar esse segmento

- DANIELLE BRANT

O desemprego deve continuar batendo recordes nos próximos meses com ajustes nos setores de serviços e comércio, que foram os últimos a desligar trabalhado­res e devem ser os primeiros a contratar novamente.

A indústria, que começou a demitir antes dos demais segmentos, deve passar por uma estabiliza­ção no fim deste ano, enquanto na construção a recuperaçã­o efetiva só deve acontecer a partir de 2018, dizem especialis­tas.

As análises foram feitas a partir de sondagens que medem a proporção de empresas que preveem aumento menos diminuição no quadro de pessoal nos próximos três meses.

O melhor cenário de recuperaçã­o é estimado para o comércio, que, apesar de ter começado a demitir em 2015, contará com a melhora das condições de crédito quando o Banco Central passar a cortar juros, o que deve acontecer ainda neste ano, afirma Aloísio Campelo, economista do Ibre/FGV. “No comércio de bens duráveis, como eletrodomé­sticos, a recuperaçã­o deve vir no primeiro trimes- tre. Em não duráveis [alimentos], vai depender da entrada da massa salarial”, afirma.

Mais confiantes com a retomada do consumo, os empresário­s podem voltar a contratar ainda nos três primeirosm­esesdoano.“Éotempo de observarem dados mais sólidos de produção industrial e vendas no varejo”, afirma Rodolfo Margato, economista do Santander.

Em serviços, as demissões devem continuar acontecend­o no último trimestre, mas melhoram no início de 2017.

Na indústria, a tendência é de estabiliza­ção das demissões. “Como o setor já fez um ajuste muito forte, está mais enxuto e mais preparado para encarar em termos de produtivid­ade uma recuperaçã­o da economia. Eu não diria que vai continuar demitindo, mas que vai contratar muito pouco”, afirma Campelo.

Para o economista José Ronaldo Sousa Júnior, do Ipea, a melhora que vai acontecer nos próximos meses deve ser acompanhad­a de maior produtivid­ade, o que vai melhorar a competitiv­idade das empresas e pode minimizar a possibilid­ade de demissões no longo prazo, caso a indústria venha passe por novas crises.

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