Folha de S.Paulo

Temer diz que culpa pela crise não é sua e defende ajuste fiscal

Para o presidente, desequilíb­rio nas contas do governo levou à recessão e país pode ir à falência sem reformas

- RENATA AGOSTINI MARIANA CARNEIRO

Peemedebis­ta afirma queaposent­adoscomo ele correm o risco de ficarsembe­nefíciosea Previdênci­a não mudar

O presidente Michel Temer fez nesta sexta (30) uma defesa enfática das medidas que propôs para equilibrar as contas do governo e voltou a culpar a herança recebida da expresiden­te Dilma Rousseff pela crise que o país atravessa.

Num discurso para empresário­s em São Paulo, o peemedebis­ta enumerou dados para descrever a situação que encontrou ao substituir Dilma, disse que o país vive “a pior crise de sua história” e que os gastos do governo se tornaram uma “bola de neve”.

“Vou cansá-los com dados para que daqui a dois, três meses não digam que o passivo é nosso”, afirmou Temer durante o evento, organizado pela revista “Exame”. “Chegamos a quase 12 milhões de desemprega­dos. E reitero que não foi culpa minha.”

O presidente apontou o desequilíb­rio nas contas do governo como a origem da crise. “A causa é basicament­e interna e fiscal”, declarou. “O Estado endividou-se muito além de sua capacidade, e gerou recessão e desemprego.”

Temer apresentou ao Congresso proposta de emenda constituci­onal que congela os gastos públicos por pelo menosnovea­nos,períodoem que o cresciment­o das despesas do governo ficaria limitado à correção pela inflação.

Comissão especial criada pela Câmara dos Deputados deve colocar a proposta em votação na próxima semana. Para a medida entrar em vigor, ela terá que passar por duas votações na Câmara e duas no Senado depois disso.

O governo promete enviar depois uma proposta de reforma da Previdênci­a, para conter a expansão dos gastos com aposentado­rias e pensões, principal fonte do deficit do governo, que deve atingir R$ 170,5 bilhões neste ano.

No discurso aos empresário­s, Temer disse que o teto dos gastos é necessário para “nos imunizarmo­s contra o populismo fiscal” e evitar a volta da inflação, o cresciment­o da dívida pública e uma recessão mais profunda do que a atual —“a falência do Estado brasileiro”, disse.

Em defesa da reforma da Previdênci­a, Temer afirmou que, sem mudanças como as propostas pelo seu governo, até ele correrá o risco de ficar sem o benefício no futuro. Temer aposentou-se como procurador do Estado de São Paulo em 1996, aos 55 anos.

“Daqui a seis, sete anos, quando eu, aposentado, for ao governo para receber o meu cartão, o governo não terá dinheiro para pagar”, disse Temer. “Em dado momento não haverá mais dinheiro para pagar o aposentado.”

O governo propõe idade mínima de 65 anos para aposentado­ria e exigência de pelo menos 25 anos de contribuiç­ão, entre outras mudanças. Se o Congresso aproválas, muitos trabalhado­res terão que trabalhar mais para se aposentar e alcançar benefícios equivalent­es aos atuais.

O presidente disse que “os números não fecham” e que o objetivo é oferecer uma proposta que dê sustentabi­lidade ao sistema no longo prazo.

“Não vamos violar direitos adquiridos coisa nenhuma”, afirmou Temer. “Estamos construind­o uma fórmula pela qual os direitos já consolidad­os possam ser mantidos, mas aqueles que não completara­m o direito possam submeter-se a nova regra.” usou a expressão “se-loia” no discurso de posse, Michel Temer disse em tom de brincadeir­a que não usará mais mesóclises. “Li um artigo de um cidadão me criticando pelo fato de eu falar bem o português. Não uso mais mesóclise”, prometeu.

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Paulo Whitaker/Reuters O presidente Michel Temer durante evento com empresário­s, em São Paulo

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