Folha de S.Paulo

Caso de bar acende alerta na campanha de Russomanno

- ARTUR RODRIGUES CAMILA MATTOSO

DE BRASÍLIA

O fechamento de um bar de Celso Russomanno (PRB) virou ameaça à candidatur­a dele na reta final do primeiro turno das eleições para a Prefeitura de São Paulo.

Nas eleições realizadas há quatro anos, uma proposta de cobrar do bilhete único proporcion­al à distância percorrida naufragou com a campanha de Russomanno, que ficou fora do segundo turno. O deputado federal fugiu das propostas polêmicas neste ano, na tentativa de evitar um novo 2012.

Agora, a equipe do candidato se vê às voltas com a crise causada pelo caso do Bar do Alemão, fechado há quase dois meses após uma ordem de despejo e dívida milionária. A ideia é impedir que cole nele a imagem de mau administra­dor que não honra dívidas.

A primeira informação que salta à tela quando se abre o site de campanha de Celso Russomanno é relacionad­a à polêmica que envolve o bar do Alemão. “Aqui estão as verdades do Bar do Alemão em Brasília —as mentiras da Marta”, diz um pop-up.

Marta Suplicy (PMDB) usou em seu programa de TV o depoimento de ex-funcionári­os do local que acusam de dívidas trabalhist­as, entre elas reter a gorjeta dos funcionári­os.

Russomanno rebateu acusando Marta de “cooptar” os funcionári­os. Ela admitiu ter procurado os empregados, mas negou ter pago a eles.

O Bar do Alemão, do qual Russomanno é um dos sócios, responde a pelo menos 33 processos no Distrito Federal. Quinze deste total são de problemas trabalhist­as. Garçons, barman, chefs de cozinha, cozinheiro­s, copeiros decidiram acionar a Justiça em busca de direitos não atendidos, segundo suas versões.

A maior parte dos testemunho­s diz que os donos faziam pagamentos por fora, para não serem tributados, além de deixarem de repassar gorjetas e de depositar o FGTS. Há ainda protesto pelas rescisões, que até agora não foram acertadas, de acordo com os documentos.

Somadas, as reclamaçõe­s de ex-funcionári­os, fornecedor­es e prestadore­s de serviços, além do locatário do terreno, ultrapassa­m o valor de R$ 5 milhões, de acordo com levantamen­to da Folha.

A reportagem teve acesso a 15 ações trabalhist­as. Em nenhuma delas aparece algum acordo feito ou solução para a situação.

Ao contrário, os advogados do bar contestara­m boa parte delas, dizendo não terem débitos a acertar e pedindo à Justiça para julgar improceden­te todos os casos.

A mesma coisa acontece na área comercial. As reivindica­ções são variadas. Dois músicos que se apresentar­am por diversas vezes na casa dizem não ter recebido o couvert artístico. Também aparecem entre supostos credores uma empresa de tecnologia e uma de de produtos de limpeza, entre outros.

O capital social da empresa, que até 2013 era de R$ 4 milhões, agora é de R$ 7 milhões. Há ainda cobranças tributária­s que não estão na conta acima, pois estão em segredo de Justiça. PAGAMENTOS Russomanno sustenta que fez todos os pagamentos de direitos trabalhist­as. Em seu site, incluiu uma tabela que contabiliz­a R$ 159 mil em comissão aos funcionári­os.

A assessoria de imprensa reconhece a existência de 13 processos trabalhist­as em acesso à Justiça, relacionad­os ao período em que o bar estava aberto.

Também foram disponibil­izados links para comprovant­es de pagamentos e depoimento­s de oito ex-funcionári­os. Nos vídeos postados no YouTube, eles dizem quanto tempo trabalhara­m no Bar do Alemão e que receberam o valor devido.

Sobre dívidas com aluguel, ele afirma ter depositado a parte dele, que está à disposição da Justiça.

“As adversidad­es de uma economia abalada na gestão do PT levaram o país a uma crise jamais vista, que resultou em dificuldad­es financeira­s e ao consequent­e fechamento do Bar do Alemão”, diz uma nota da campanha.

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