Falta apoio, e não interesse, dizem pesquisadoras
DE SÃO PAULO
A falta de apoio às candidatas é a principal causa da baixa representatividade de mulheres na política brasileira, diz Nadine Gasman, representante da seção Mulheres Brasil da ONU.
“Até 50% dos afiliados partidários são mulheres, o que mostra que não há falta de participação feminina na política”, diz ela. “Por que, então, em 68% das cidades só há candidatos homens? A resposta está na falta de oportunidades dentro dos partidos.”
Mesmo quando são candidatas, elas recebem menos verbas, menos apoio e menos divulgação, diz Gasman.
A ONU criou a plataforma www.cidade5050.org.br, para apoiar a igualdade de gênero na gestão municipal.
Coordenadora do grupo de pesquisas em direito e gênero da FGV-SP e membro da ONG Mulheres do Brasil, Lígia Sica diz que só criar cotas não adianta “porque o sistema partidário é corrompido”.
As decisões sobre financiamento das campanhas e escolha de candidatos não são transparentes, diz a também pesquisadora da FGV-SP Luciana Ramos. “São homens brancos que decidem e vão acabar escolhendo pessoas similares a eles, o que é natural, mas é um problema.”
Ramos e Gasman consideram necessária uma reforma política que, entre outras coisas, estabeleça uma lista fechada de candidatos, para garantir a participação feminina entre os eleitos. A lista aberta beneficia candidatos com mais recursos.