Folha de S.Paulo

Odebrecht pagou US$ 1 bi em propina

Em acordo fechado nos EUA, grupo admite esquema de corrupção em troca de vantagens no Brasil e mais 11 países

- Poder A4

Documento tornado público pelos EUA mostra que a Odebrecht pagou US$ 1 bilhão (no câmbio atual, R$ 3,3 bilhões) em propina no Brasil e mais 11 países. O grupo firmou acordo de leniência com autoridade­s americanas e suíças para evitar ações e multas.

Segundo o Departamen­to de Justiça dos EUA, houve repasse de US$ 599 milhões (R$ 1,9 bilhão) a políticos e servidores brasileiro­s —não há citações nominais. Partidos políticos teriam recebido US$ 40 milhões. O esquema funcionou de 2001 a 2016.

Do montante pago a brasileiro­s, US$ 349 milhões saíram da construtor­a e US$ 250 milhões do braço petroquími­co do grupo, a Braskem.

Nos outros países, como Argentina e México, a propina repassada atingiu US$ 439 milhões (R$ 1,4 bilhão).

Em contrapart­ida, a empresa obteve ao menos R$ 12 bilhões em vantagens ligadas a mais de cem projetos.

No Equador, o grupo admitiu ter repassado US$ 33,5 milhões a servidores públicos para destravar a construção de uma usina hidrelétri­ca.

As localidade­s e os valores eram desconheci­dos no Brasil até a divulgação do documento pelo governo dos EUA.

Alegando sigilo, a Procurador­ia-Geral da República, que conduz as delações dos funcionári­os da Odebrecht, não divulgou tais dados.

As informaçõe­s se tornaram públicas após a Odebrecht assinar, em Washington, acordo em que ela e a Braskem aceitam pagar uma multa total de R$ 6,9 bilhões a Brasil, EUA e Suíça em 23 anos. Os brasileiro­s receberão R$ 5,3 bilhões.

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