Alemanha caça principal suspeito de ataque
Polícia identifica tunisiano de 24 anos que teve pedido de asilo negado e já havia sido monitorado pelas autoridades
Se confirmada, autoria por um migrante ou refugiado pode causar considerável dano político a Merkel
As autoridades alemãs afirmaram nesta quarta-feira (21) que um homem tunisiano é o principal suspeito de ter realizado o atentado de Berlim.
Anis Amri, 24, havia sido vigiado entre março e setembro por planejar um assalto e a compra de armas automáticas. Ele também esteve envolvido com tráfico de drogas. O monitoramento foi encerrado, no entanto, por falta de evidências.
Amri pode estar armado nas ruas, diz a polícia. A Alemanha oferece recompensa de até € 100 mil (R$ 348 mil) por informações. Uma forçatarefa especial da polícia realizava buscas em Berlim na noite desta quarta, mas até a conclusão desta edição ele não havia sido capturado.
Os documentos do tunisiano foram encontrados no caminhão que atropelou o público de um mercado natalino na segunda (19), deixando 12 mortos e 48 feridos.
A ação foi reivindicada pela facção terrorista Estado Islâmico, mas não está claro se a milícia organizou o ataque ou apenas o inspirou.
Amri era conhecido pela polícia por diversos nomes e usava outras duas nacionalidades, libanesa e egípcia, segundo a imprensa alemã.
Nascido na região central da Tunísia, ele saiu do país há sete anos e ficou preso na Itália por quatro anos, acusado de queimar uma escola, afirma uma rádio tunisiana.
Amri chegou a Berlim em fevereiro e recebeu permissão para sua estada. Seu pedido de asilo, no entanto, foi negado por faltarem os papéis necessários. Ele não tinha sido deportado por estar sem um passaporte e porque a Tunísia inicialmente negou se tratar de seu cidadão.
Considerado perigoso, ele esteve em contato com o re- crutador terrorista Abu Walaa, um pregador radical de origem iraquiana detido no mês passado, na Alemanha.
O ataque de Berlim se parece com o de Nice, na França, onde 86 pessoas foram mortas por um caminhão. O autor também era nascido na Tunísia, e o Estado Islâmico reivindicou a autoria.
Tunisianos, em especial aqueles de regiões periféricas, estão entre os principais militantes estrangeiros do EI.
A polícia já havia identificado outro estrangeiro como responsável pelo ataque de Berlim, um paquistanês que pediu asilo no país. Ele foi solto um dia depois, sem evidências. Um segundo suspeito também foi liberado.
A possibilidade de que o autor do atentado seja um migrante ou refugiado que já havia sido monitorado pelas autoridades pode causar considerável dano político na Alemanha, que recebeu 900 mil refugiados em 2015.
A oposição, especialmente o partido populista de direita AfD (Alternativa para a Alemanha), já culpa a chan- celer Angela Merkel, defensora da política de portas abertas. Ela afirmou que seria especialmente difícil de lidar com a autoria do atentado por um refugiado, caso isso se confirme.
Na noite desta quarta, dezenas de pessoas, algumas ligadas à AfD, realizaram um protesto em frente ao prédio da Chancelaria Federal. Eles pediam o fim da política de portas abertas.
Merkel concorrerá a um quarto mandato em 2017. Apesar de ainda ser vista como favorita, sua popularidade tem diminuído ao longo deste ano.
Ela se beneficiará caso a polícia encontre com rapidez o culpado, mas deve enfrentar bastante resistência caso seja de fato um migrante em busca de asilo.
O mercado da igreja KaiserWilhelm será reaberto ao público nesta quinta (22) com uma cerimônia religiosa em homenagem às vítimas.
Enquanto isso, a Alemanha reforça a presença policial nessas tradicionais feiras, incluindo policiais com metralhadoras. O acesso será dificultado.