Folha de S.Paulo

Revista do Estado Islâmico havia sugerido atentado com caminhão

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DE MADRI

A edição de novembro da revista “Rumiyah”, publicada pela facção terrorista Estado Islâmico, havia sugerido ataques que se assemelham ao cenário visto em Berlim na segunda-feira (19).

O exemplar, disponível na internet, exemplific­a diversas das táticas para “privar os inimigos de Deus de um sono pacífico”. Uma das ideias é usar um veículo como arma.

O método, segundo a revista, é lançar-se em alta velocidade “contra uma grande aglomeraçã­o de infiéis”, “esmagando seus corpos”.

O texto é bastante descritivo a respeito dos efeitos do impacto no corpo das vítimas. Veículos são, segundo o Estado Islâmico, extremamen­te fáceis de adquirir e não levantam suspeitas.

A revista especifica que, para maximizar o dano, é preferível utilizar um veículo pesado. O ideal, segue o texto, é um caminhão carregado. A milícia terrorista lista também os principais alvos para a estratégia, como ruas lotadas e mercados.

O texto, por fim, ensina uma prece a ser feita antes de embarcar no veículo para o atentado, que culmina em “nós de fato iremos retornar ao nosso senhor”.

Veículos, em especial os caminhões, são uma tática com alguma história entre organizaçõ­es terrorista­s.

A rede Al Qaeda já havia descrito os caminhões em 2010 em uma edição de sua revista “Inspire” como “uma máquina ceifadora, não para cortar a grama, mas para aparar os inimigos de Deus”.

Era uma das sugestões dadas pela revista, que também ensinou em outro número a montar uma bomba caseira em uma panela de pressão.

A estratégia voltou a circular em 2014, quando um porta-voz do Estado Islâmico pediu que militantes no exterior atropelass­em os inimigos do autoprocla­mado califado.

Houve uma série de tentativas menores com essa tática até o atentado de Nice, em julho, que deixou 86 mortos no feriado da Queda da Bastilha. Esse ataque é citado pela “Rumiyah” como um exemplo a ser seguido. (DB)

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