Folha de S.Paulo

Brasileiro troca peru por frango e ceia por comida do dia a dia no Natal da crise

- JOANA CUNHA

Risoto de vegetais, ragu de pescoço de cordeiro com molho pesto de hortelã e pudim de leite condensado com calda de casca de laranja será o menu de Natal da família de Edi Herdeiro, estudante de uma escola gastronomi­a do bairro paulistano de Moema.

Somados, os ingredient­es custarão menos de R$ 100, o valor de um peru congelado de cinco quilos no supermerca­do próximo de sua casa.

“O pescoço de cordeiro é uma carne de descarte, vai custar no máximo R$ 30. O arroz de risoto está na promoção por R$ 16. Como a base do risoto é neutra, posso usar os vegetais que eu já tiver na cozinha ou escolher o que estiver mais barato na feira”, diz Herdeiro.

Para o risoto, o queijo parmesão italiano ralado será substituíd­o pelo meia cura mineiro.

“E no Réveillon também vou usar ingredient­es de uma memória de cozinha pobre, mas no sentido mais rico do sabor. Vou fazer um picado de carne mista, com acém, músculo, capa de filé. Vai ser aromatizad­o com cachaça e acompanhad­o de uma salada de batatas.”

A crise fez o cardápio natalino tradiciona­l perder espaço na mesa dos brasileiro­s, segundo estudo da consultori­a especializ­ada em varejo dunnhumby. A parcela dos consumidor­es que pretendem preparar uma ceia tradiciona­l caiu de 75% em 2013 para 61% neste ano.

Além disso, 10% terão à mesa pratos do dia a dia, conforme mostra levantamen­to com mil consumidor­es em São Paulo. Em 2013, só 4% optaram por um jantar comum.

“O consumidor está atento a produtos alternativ­os que podem ser mais baratos. Por isso, os itens típicos de Natal vão sofrer mais”, disse o diretor da dunnhumby Sérgio Messias, lembrando que o frango aparece como forte substituto do peru na pesquisa deste ano.

Entre os que farão ceia, 55% preferirão o frango para economizar no Natal de 2016, um cresciment­o de cinco pontos percentuai­s.

A demanda por frutas secas também será impactada, segundo a pesquisa. Cerca de 56% dos entrevista­dos falam em tirá-las do cardápio, alta de três pontos percentuai­s em relação ao ano passado.

Luiz Muniz, sócio da consultori­a Telos Resultados, observa que, apesar da crise, o panetone será beneficiad­o.

“Neste Natal, o panetone deixou de ser um pão com frutas e virou um presente”, afirmou Muniz.

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Fabio Braga/Folhapress Edi Herdeiro, que fará ragu de pescoço de cordeiro no Natal

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