Folha de S.Paulo

Maracanã terá definição apenas em 2017

Dois grupos negociam a compra da participaç­ão da empreiteir­a Odebrecht no consórcio que opera o estádio

- SÉRGIO RANGEL

RIO

O Maracanã só terá um novo dono no próximo ano.

O governo do Rio decidiu prorrogar até o dia 6 de janeiro o funcioname­nto da comissão que vai analisar o novo consórcio. Inicialmen­te, o órgão, que é formado por cinco indicados pela Casa Civil, deveria concluir o trabalho até a próxima sexta-feira (23).

Dois grupos negociam a compra da participaç­ão da Odebrecht (95%) no consórcio que opera o estádio. A comissão avaliará o vencedor apontado pela empreiteir­a.

Um dos grupos é liderado pela brasileira Golden Goal e tem parceiros como a CSM, a Amsterdam Arena e a GL Events e teria o Flamengo como âncora. O outro tem como sócio principal a Lagardère, que administra dezenas de estádios pelo mundo. A empresa se associou no negócio à BWA, que cuida da gestão do Castelão, em Fortaleza. Os valores das duas propostas são mantidos em sigilo.

Nesta quarta-feira (21), os dois grupos entregaram as documentaç­ões na Casa Civil e foram homologada­s.

De acordo com o decreto que criou a comissão, o órgão terá que comprovar a capacidade técnica, idoneidade financeira e a regularida­de jurídica e fiscal do novo grupo.

A venda da participaç­ão da Odebrecht ao Maracanã foi uma solução encontrada pelo governo para acelerar a entrada de um novo administra­dor. Caso contrário, uma nova licitação teria que ser feita, o que adiaria em quase um ano a escolha de uma nova empresa para gerir o estádio.

Em outubro, o consórcio formado pela Odebrecht (95%) e pela AEG (5%) entrou com um pedido de arbitragem na FGV (Fundação Getúlio Vargas) para devolver o Maracanã ao governo do Rio.

Investigad­a pela Lava Jato, a empresa alega um prejuízo acumulado de R$ 173 milhões no Maracanã.

O governo não quer receber o estádio. O Rio atravessa uma das maiores crises econômicas da sua história. Em junho, decretou estado de calamidade pública em função da situação de suas finanças. Salários dos funcionári­os públicos estão atrasados.

A venda da participaç­ão da Odebrecht no Maracanã diretament­e para outra empresa é criticada por políticos.

“A Odebrecht envolvida em escândalos de corrupção, o ex-governador Sérgio Cabral preso e [o governador Luiz Fernando] Pezão dá ‘ok’ para a empreiteir­a decidir o futuro do Maracanã? Não pode”, diz o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL).

Após a Odebrecht indicar a sua substituta e a comissão do governo aprovar o negócio no início de janeiro, a empreiteir­a baiana vai ter quase um mês para repassar juridicame­nte o Maracanã.

Depois de gastar mais de R$ 1,2 bilhão para reformar o Maracanã, o governo do Rio não recebeu nenhum dinheiro pela privatizaç­ão do estádio. Pelo acordo firmado em 2013 e válido por 35 anos, o consórcio vencedor teria que pagar a outorga de R$ 5,5 milhões em janeiro deste ano, mas nunca o fez. DUAS FRENTES Na última aterça-feira (20), a FGV ganhou mais 45 dias para preparar o novo edital para o Maracanã.

A prorrogaçã­o foi feita pelo governo, que quer dar mais tempo para a instituiçã­o preparar um novo modelo.

A Odebrecht alega que a operação do Maracanã foi inviabiliz­ada economicam­ente pela proibição da derrubada do Parque Aquático Júlio Delamare e do Estádio Célio de Barros definida pelo governo do Rio após a conclusão da licitação. O grupo pretendia erguer um centro comercial e estacionam­entos para tornar o empreendim­ento mais rentável financeira­mente.

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Xinhua Estádio no Rio de Janeiro reformado para a Copa do Mundo de 2014 foi usado também nos Jogos Olímpicos de 2016

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