Folha de S.Paulo

O QUE ESTÁ POR VIR

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O fim do casamento de Nathalie integra o mesmo contexto de dissoluçõe­s e de ultrapassa­mentos que também inclui o modelo rígido de seus livros didáticos e da perda de autonomia de sua mãe depressiva.

Já a luta política dos jovens na escola, a criação de um site de filosofia ou a experiênci­a de vida alternativ­a de seu pupilo Fabien são vistas da perspectiv­a da reinvenção.

A extinção de seu mundo é reiterada no momento em que Nathalie descobre a tradução da obra de Günther Anders, “A Obsolescên­cia do Homem”, título mais que eloquente.

Entretanto, o pessimismo ativo da personagem impede que ela se consuma num tipo de crítica baseada na recusa, recurso de defesa dos ranzinzas. A perda de laços não a empurra para o bunker. Ao contrário, força sua reabertura para o mundo.

Em “Eden”, longa anterior e mais pessimista de HansenLøve, a crise afetava um jovem DJ fascinado pelo hedonismo, mas que um dia tem de cair na real. Como um irmão antípoda, “O que Está por Vir” (belo título brasileiro) devolve o que se perdeu neste ano nefasto. (L’AVENIR) DIREÇÃO Mia Hansen-Løve ELENCO Isabelle Huppert, André Marcon, Roman Kolinka PRODUÇÃO França/Alemanha, 2016, 14 anos QUANDO estreia nesta quinta (22) AVALIAÇÃO muito bom

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