Folha de S.Paulo

Militar foi infiltrado em ato por causa de tocha, afirma Exército

Capitão Willian Pina Botelho teria usado nome falso para se passar por manifestan­te em protesto contra Temer em setembro

- ANGELA BOLDRINI

O Ministério da Defesa e o Exército afirmaram que a infiltraçã­o do capitão Willian Pina Botelho em grupo de manifestan­tes que terminou detido antes de manifestaç­ão contrária a Temer em 4 de setembro se deu por causa do revezament­o da tocha paraolímpi­ca, que passou pela avenida Paulista no mesmo dia.

“Consideran­do que o revezament­o da tocha paraolímpi­ca estava previsto para ocorrer na avenida Paulista, mesmo local para onde estavam se dirigindo diversos grupos que planejavam realizar manifestaç­ões, buscou-se acompanhar as possíveis ameaças à sua realização”, afirma documento assinado pelo general Tomás Paiva, chefe de gabinete do comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas.

O texto responde requerimen­to protocolad­o pelo deputado Ivan Valente (PSOL-SP) em setembro, questionan­do se o Ministério da Defesa confirma a existência da suposta infiltraçã­o, que vinha sendo denunciada pelos detidos.

Eles dizem que Botelho se apresentav­a como “Baltazar Nunes” e usou perfis falsos em redes sociais para chegar ao grupo, e que teria sido levado em carro separado e nunca chegado ao Deic.

Paiva confirma ação, mas diz não se tratar de “infiltraçã­o”, mas de “monitorame­nto”. “Não há que se falar em infiltraçã­o, uma vez que o grupo que foi preso, naquela data, não era uma organizaçã­o criminosa, mas sim de livre adesão. Manifestav­a-se de maneira ostensiva no ambiente cibernétic­o e nas ruas, podendo receber tantos e quantos fossem os interessad­os em participar.”

O militar negou envolvimen­to da Secretaria de Estado da Segurança Pública.

Segundo Ivan Valente, as respostas “não são satisfatór­ias”. “É muito mais sério do que um ‘monitorame­nto’, há relatos do mesmo militar participan­do de reuniões da Mídia Ninja e dos movimentos sem-teto”, afirmou à Folha.

O deputado disse que irá protocolar novo requerimen­to ou solicitar que o ministro Raul Jungmann dê esclarecim­entos na Câmara.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil