Rio não paga salário do mês passado e revolta servidores
Com um novo bloqueio em suas contas, o governo do Rio suspendeu o pagamento dos salários a dois dias do Natal, deixando parte dos servidores sem ter como comemorar.
Cerca de 40% da folha de novembro ainda não foi quitada. Apenas funcionários das áreas de educação e segurança, além dos aposentados da segurança, já receberam.
A primeira parcela para os demais, de R$ 370, seria paga nesta sexta (23), mas foi suspensa após o bloqueio de R$ 128 milhões nas contas estaduais pelo não pagamento da dívida com a União. Uma segunda parcela, de R$ 270, prevista para o dia 29, também foi suspensa. O salário fora parcelado em nove vezes.
Um novo calendário para o pagamento de novembro foi divulgado na noite desta quinta (22), empurrando a primeira parcela para 5 de janeiro, agora no valor de R$ 264. A expectativa é quitar a folha até o dia 17, se não houver novos bloqueios.
“Estamos a zero. Com a aposentadoria atrasada, você não consegue pagar as contas. Além disso, tem que gastar em comida e transporte. Quem vai comemorar no fim do ano, dar presente?”, disse a professora aposentada Florinda Lombardi, 61.
Nesta quinta, uma fila se formou no centro do Rio para receber cestas básicas doadas pelo Movimento Unificado dos Servidores Públicos Estaduais, que marcou para esta sexta uma manifestação intitulada “Ceia da miséria”.
Revoltados, servidores invadiram a Secretaria de Planejamento, em protesto contra a prioridade dada a funcionários de alguns setores.
“[O governador Luiz Fernando] Pezão deve estar achando que a gente não vive, não come, não compra remédio. Me sinto descartada”, disse Zelina Bastos, 61, também professora aposentada.
Ela diz que ainda não sabe o que vai colocar na mesa para a ceia. Esperava receber os R$ 370 para fazer as compras.
O governo do Estado argumenta que, desde o dia 5, os bloqueios em suas contas já somam R$ 550 milhões, o suficiente para quitar um quarto da folha de novembro.
Com a crise, os atrasos de salários e no pagamento a fornecedores se tornaram cada vez mais frequentes em 2016.
A pensionista Maria das Graças Magalhães Monteiro, 67, lembra que recebeu a última parcela do salário de outubro no início de dezembro.
“Os juros do cheque especial vão comendo tudo. E conta de luz e de telefone não dá para parcelar”, afirmou ela, que decidiu passar as festas na casa de um filho. “Neste ano, nem armei árvore de Natal. As crianças vão ver a árvore sem presente?” RIO GRANDE DO SUL Em um novo dia de tensão entre a Brigada Militar (a PM local) e servidores do lado de fora da Assembleia, em Porto Alegre, deputados gaúchos aprovaram o aumento da contribuição previdenciária dos funcionários públicos de 13,25% para 14%.
A medida era um dos pontos mais polêmicos do pacote de ajuste de José Ivo Sartori (PMDB), que inclui fim de fundações e secretarias.