Batalhadora, festeira e ‘mãe’ de muitos filhos
Fácil e sossegada não são os melhores adjetivos para definir a vida da paulistana e descendente de escravos Maria Cristina Miranda da Silva.
A morte do pai, quando ela tinha apenas 17 anos, fez com que reduzisse os passeios e as horas ao piano. Com a mãe semianalfabeta e o irmão ainda criança, assumiu as obrigações e as contas da casa.
Espelhando-se no pai, que chegou a acumular três empregos, Maria Cristina se aventurou pelo mundo dos computadores quando eles nem existiam ainda, pelo menos não da forma que se conhece hoje. Primeiro perfurando cartões que eram lidos por uma máquina, depois digitando. Passou pela IBM, pelo Banespa, pela bolsa de valores.
Vieram os três filhos, um enteado, a namorada do enteado, uma tia-avó. E Maria Cristina cuidando de todos.
Nos anos 1980 pulou de emprego a emprego, passou por dificuldades, mas nunca perdia o sorriso ou as festas. Fazia bate e volta na praia, frequentava os bailes da X-9 Paulistana, reunia os vizinhos em casa, afinal, passou a vida toda no mesmo bairro, o Rodrigues Alves, na zona norte de São Paulo. Chegava a lotar sua casa com até 70 pessoas para ver futebol, comemorar aniversário. Com o tempo e o cuidado que recebiam, todos começaram a chamá-la de mãe.
Morreu no dia 14, aos 63 anos, devido a um câncer, mas manteve a alegria até o final. Seu velório e enterro tiveram o que nunca faltou em sua vida: música, festa e amigos. O último samba foi tocado por um de seus filhos.
Ela deixa o marido, Wilson, três filhos, um neto e outro a caminho, além de muitos amigos e filhos postiços. coluna.obituario@grupofolha.com.br 1 ANO OUTRAS MISSAS av. dos Pássaros, 120, Aldeia da
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