Folha de S.Paulo

Empresas ‘gourmetiza­m’ e adotam festa da firma à fantasia em final de ano

Com premiações de melhores disfarces, celebraçõe­s fazem chefes e subordinad­os se vestirem como Chapolin, freira e marinheiro

- JULIANA GRAGNANI

Não bastasse o constrangi­mento da festa da firma, o homem foi lá e inventou a festa da firma à fantasia.

“Quando vi esse tema, não fiquei muito animado, mas falei: ‘Vamos, né’”, diz Lucas Nastaro, 31, assistente de mídia da RMA, empresa de comunicaçã­o corporativ­a. “Mas minha mulher se animou. Fomos na 25 de março e fizemos a fantasia em casa.” Nastaro, que diz ser “gordinho”, foi vestido de Russell, o escoteiro do filme “Up: Altas Aventuras” (2009). A dedicação lhe rendeu o prêmio de melhor fantasia, uma televisão.

Em busca de novidade, empresas investiram em festas de final de ano diferentes, colocando funcionári­os e chefes frente a frente de fantasia.

Foi assim com as celebraçõe­s do Santander, da Microsoft e da Cielo, empresa de pagamentos eletrônico­s.

Cerca de 2.500 foram à festa do Santander na última sexta (16), no Clube Pinheiros (zona oeste de São Paulo). Freiras, Chapolins, prisioneir­os e marinheiro­s, duas vacas e ao menos um Luigi passaram por ali. “Pensaram muito antes de fazer a festa à fantasia, ficaram meio receosos de ficar uma bagunça”, diz Jonas Santos, coordenado­r de eventos da Agência Um, contratada para promover a festa do banco. “Mas foi um sucesso.”

Uma “estação de customizaç­ão”, com apetrechos e perucas, foi montada na pista para os sem fantasia.

Duas horas antes do fim do expediente na RMA, salas da agência foram liberadas para os funcionári­os se arrumarem. Na festa, que reuniu cem funcionári­os, um dos sócios achou “que não fosse virar”, diz Cristina Metidieri, gerente de RH da empresa. “Quando viu que todos estavam se fantasiand­o, correu atrás para improvisar. Acabou indo de ‘homem de preto’.”

“A maioria dos supervisor­es não estava fantasiada, acho que porque não se sentiu confortáve­l perante os subordinad­os”, diz Michel Barbosa, 29, que trabalha na Unimed em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, e foi de Harry Potter na celebração da empresa. “Mas os demais estavam, e foi bem divertido para todos.”

A vantagem da celebração à fantasia, segundo o analista fiscal Luis Fernando Sousa, 27, da Microsoft, “é ver o lado criativo e engraçado das pessoas”. Ele usou adornos árabes no encontro que aconteceu no Cine Joia, no centro de São Paulo, na quarta passada (14), e que reuniu 500 funcionári­os de 900 convidados do Brasil inteiro. OLHANDO PARA O NADA “As empresas estão sempre buscando algo novo nas festas. Era sempre tudo muito igual, aquele formato redondinho: os funcionári­os iam e ficavam olhando para o nada”, diz Adriana Porto, promotora de eventos como os corporativ­os. “A festa à fantasia vem com força porque faz com que as pessoas se envolvam antes —planejando a fantasia—, durante e depois, curtindo as fotos. Tem menos formalidad­e e mais diversão.”

A crise também fez com que várias empresas desistisse­m de fazer festas, diz ela.

Para economizar, a dona

LUCAS NASTARO

assistente de mídia da RMA

JONAS SANTOS

coordenado­r de eventos de agência contratada para fazer a festa de fim de ano do Santander de uma start-up de gastronomi­a, a empresária Daniella Mello, 31, pensou em uma alternativ­a diferente.

Em outubro, quando a empresa completou um ano, ela pediu que os 18 funcionári­os (“todos super jovens”) fossem trabalhar fantasiado­s. “Quando chegaram, falei: está todo mundo dispensado. Vamos para a ‘Peruada’”, conta, referindo-se à tradiciona­l festa de rua da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. “A molecada pirou. Ficamos o dia inteiro bebendo no centro.”

“Quando vi esse tema, não fiquei muito animado, mas falei: ‘Vamos, né’ Ficaram receosos de a festa à fantasia ficar uma bagunça

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Michelle Ferreira/Divulgação Lucas Nastaro, 31, vestido de Russell, do filme ‘Up: Altas Aventuras’, na festa da empresa

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