Folha de S.Paulo

Sequestrad­ores de avião líbio com 115 a bordo se entregam em Malta

Operação fracassada promoveria um novo partido pró-Gaddafi

- ITÁLIA

Terminou pacificame­nte, e em poucas horas, o sequestro de um avião com 109 passageiro­s e seis tripulante­s de um voo doméstico da Líbia, nesta sexta-feira (23). Dois homens portando dois revólveres e uma granada forçaram o piloto do Airbus A320 a pousar em Malta, pequeno país a 500 km da costa líbia.

Todos os passageiro­s e tripulante­s foram libertados, segundo o primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat. As mulheres e crianças foram liberadas primeiro.

Ônibus fizeram a retirada dos que estavam a bordo, levando-os a uma distância segura da aeronave.

Os dois sequestrad­ores, Subah Mussa e Ahmed Ali, se entregaram, e estão sob custódia das autoridade­s maltesas. De acordo com o governo líbio, eles exigiam asilo político em Malta, arquipélag­o de 423 mil habitantes perto da ilha italiana da Sicília.

Por meio de um canal oficial, Muscat afirmou que um exame preliminar aponta que as armas usadas eram falsas. Os dois afirmaram, ainda dentro do avião, que representa­vam um novo partido político, “pró-Muammar Gad- dafi”, ex-ditador líbio que foi morto por rebeldes enquanto tentava escapar de Sirte, em 2011, após ficar 42 anos no poder.

A operação fracassada chamou atenção para a turbulênci­a constante na Líbia. Desde o fim da ditadura de Gaddafi, o país tem sofrido com a violência provocada por disputas territoria­is de milícias rivais e de facções políticas, com queda na produção de petróleo e uma crise econômica permanente.

O voo da Afriqiyah Airways ia de Sebha, no sudoeste da Líbia, para Trípoli. Segundo a empresa aérea, a intenção inicial dos sequestrad­ores era pousar em Roma, o que não foi possível em razão do estoque de combustíve­l da aeronave. Um diretor da compa- nhia disse ao jornal “The New York Times” que “não parecia o caso de elo com qualquer grupo islâmico radical, nem pareciam ideológico­s”.

Durante a negociação, eles pediram vistos para poder circular pela Europa. OUTROS SEQUESTROS Durante o longo regime de Gaddafi, ele foi acusado de patrocinar vários atos de terrorismo aéreo. Em 1986, um voo da PanAm que sairia de Karachi, no Paquistão, rumo a Nova York, foi sequestrad­o por um grupo palestino. Vinte dos 360 passageiro­s foram mortos. Dois anos depois, 270 pessoas morreram com a explosão de um avião da mesma companhia americana.

Gaddafi também foi acusado pela explosão de um avião francês sobre o Níger em 1989, com 170 mortos.

Malta teve outro caso conhecido de sequestro de avião em 1985, quando um Boeing 737 da Egyptair, com 89 passageiro­s e 6 tripulante­s, além de 3 sequestrad­ores, que ia de Atenas ao Cairo, foi sequestrad­o por palestinos e pousou na ilha.

Soldados egípcios entraram no avião, e 60 pessoas morreram, incluindo dois dos sequestrad­ores.

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Matthew Mirabelli/AFP Tripulante ajuda passageira feita refém a desembarca­r de avião no aeroporto de Malta

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