Folha de S.Paulo

Com Natal fraco, vendas em shoppings caem 9% no ano

- FERNANDA PERRIN

Os shopping centers não escaparam da crise que atinge o varejo —nem o Natal conseguiu dar fôlego ao setor.

Descontada a inflação, o total de vendas em shoppings neste ano recuou 9,1%, para R$ 140,5 bilhões, de acordo com a Alshop, a associação de lojistas do ramo.

É o segundo ano consecutiv­o de queda nas vendas. Em 2015, o faturament­o já havia caído 8,7% em termos reais.

O período de fim de ano, que costuma alavancar o movimento, não conseguiu compensar o mau desempenho. As vendas de Natal caíram 8,9% em relação ao mesmo período do ano passado.

“Este foi o pior Natal que já vimos. Antes crescíamos 3% a 4% acima do PIB”, afirma Luís Augusto Ildefonso, diretor de relações institucio­nais da Alshop.

No ano, os segmentos mais afetados foram o de móveis e artigos para o lar, o de tecnologia e comunicaçã­o e o de eletrodomé­sticos.

Somente produtos de perfumaria e cosméticos registrara­m evolução do faturament­o acima da inflação. “Esse é um segmento tradiciona­l, com valores mais acessíveis”, diz Nabil Sahyoun, presidente da entidade.

O endividame­nto do consumidor e a escassez de crédito, com a alta dos juros, foram os responsáve­is pelos resultados ruins, afirma Sahyoun. Diante desse cenário, ele afirma que a magnitude das quedas era esperada.

Já para 2017 as expectativ­as são positivas. Os lojistas estão otimistas com o pacote de medidas econômicas anunciado pelo presidente Michel Temer, que inclui a liberação de saque de contas inativas do FGTS, com o qual o governo acha possível injetar até R$ 30 bilhões na economia no próximo ano.

Parte das medidas que animam os empresário­s, porém, ainda depende de aprovação do Congresso, como a reforma da legislação trabalhist­a.

O presidente da Alshop não entrou em detalhes sobre a possibilid­ade de redução do prazo de pagamento aos lojistas pelas operadoras de cartões, que está em estudos.

A entidade diz que negocia com o governo e representa­ntes do setor financeiro um período “equilibrad­o”. Hoje, o intervalo entre a realização da compra e o pagamento ao lojista é de 30 dias.

Consideran­do o pacote completo, a Alshop espera uma retomada das vendas a partir de março, quando novas coleções chegam no segmento de vestuário. LUÍS AUGUSTO ILDEFONSO diretor de relações institucio­nais da Alshop

“Os varejistas importante­s [de marcas fortes] vão continuar crescendo no ano que vem, negociando melhores condições com os shoppings que estão pressionad­os pela vacância”, diz Sahyoun. PASSE-SE O PONTO Mesmo com a abertura de 19 shopping centers em 2016, o setor fechou o ano com saldo negativo de 18.100 lojas, uma queda de 12,9% em relação a 2015, de acordo com dados da Alshop.

É a primeira vez desde 2004 que a entidade registra um saldo negativo na abertura de lojas. Parte delas encerrou as atividades e outra migrou para o comércio de rua, segundo Ildefonso. Reflexo desse cenário, os empresário­s cortaram 36,7 mil vagas.

Além do fechamento de pontos, os novos shoppings abriram em média com 50% da capacidade de ocupação, afirma Sahyoun.

O nível alto de vacância fez os empreendim­entos afrouxarem as exigências feitas aos lojistas, tendência que deve continuar no ano que vem.

“Natal que já vimos. Antes crescíamos 3% a 4% acima do PIB

Variação real de vendas 2016* x 2015 por segmento Em % Móveis e artigos do lar Tecnologia e comunicaçã­o Eletrodomé­sticos Brinquedos Óculos, bijuterias e acessórios Vestuário Calçados Joias e relógios Perfumaria e cosméticos -12,21

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