Folha de S.Paulo

BNDES estuda vender fatia em empresas

Banco não informa quais negócios pretende realizar, mas diz que aguarda janela de oportunida­de para fazer transações

- NICOLA PAMPLONA

Depois de um 2016 fraco, o BNDES espera retomar em 2017 operações no mercado de capitais, tanto como vendedor de ações, quanto como apoiador de novas emissões por empresas brasileira­s.

O banco promete também ter uma atitude mais “ativista” nas empresas em que tem participaç­ão.

“Estamos fazendo uma avaliação profunda de nossa carteira, tendo discussões estratégic­as no banco. Tem várias operações para sair”, afirmou a diretora do BNDES, Eliane Lustosa.

Ela não quis detalhar quais as operações em estudo, mas adiantou que o banco está analisando janelas de oportunida­de para se desfazer de ações em algumas empresas nas quais têm participaç­ão.

Por outro lado, o BNDES considera que pode haver uma melhora no cenário para lançamento­s de ações por empresas brasileira­s.

Por meio da subsidiári­a de participaç­ões BNDESPar, o banco concluiu nos nove primeiros meses deste ano operações no valor de R$ 545 milhões, 71% a menos do que em todo o ano passado.

Foram, em sua maioria, compra de cotas em fundos de investimen­tos. A maior operação do ano, de R$ 208 milhões, foi a subscrição (direito de adquirir papéis quando há um aumento de capital) de ações da Rumo Logística, para ampliação e modernizaç­ão da malha ferroviári­a.

Foi o pior ano em termos de atuação no mercado de capitais para o BNDESPar desde 2007, de acordo com os dados publicados pelo banco.

Lustosa disse, porém, que o BNDES vai procurar ser mais seletivo no apoio a empresas envolvendo operações no mercado de capital. O ideal, disse ela, é fomentar a participaç­ão de instituiçõ­es financeira­s privadas no processo.

Além disso, o BNDES vai buscar ter maior participaç­ão na gestão das empresas onde investe, principalm­ente com presença no conselho de administra­ção delas.

Atualmente, das 30 maiores fatias acionárias que o BNDES tem em empresas, apenas 18 têm participaç­ão do banco no conselho.

O setor de petróleo e gás é o que teve maior atuação no BNDESPar desde 2007, com R$ 25,2 bilhões, seguido de alimentos e bebidas (R$ 12,8 bilhões) e papel e celulose (R$ 4,5 bilhões).

O dado, porém, é distorcido pela capitaliza­ção da Petrobras, em 2010, na qual o banco investiu R$ 24,7 bilhões.

Em alimentos e bebidas, estão as “campeãs nacionais” escolhidas durante o governo Lula, como JBS e Marfrig, com operações que somam R$ 4,9 bilhões e R$ 3,6 bilhões, respectiva­mente.

No governo Dilma, a Odebrecht Transport foi a empresa que mais recebeu recursos do BNDESPar. A empresa é investigad­a pela Operação Lava Jato e está na lista dos acordos de delação premiada fechados pelo grupo.

Foram R$ 3,044 bilhões em duas operações, em 2013 e 2014, mais o que o triplo do volume aportado na segunda empresa mais beneficiad­a no período, a Klabin.

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