Ocupação deixa salas depredadas na UFPE
Estudantes tomaram local em outubro; vistoria após a saída constatou pichações, livros revirados e objetos furtados
Dois docentes foram agredidos durante reunião com alunos para definição do calendário acadêmico
Depois de dois meses ocupados por estudantes, prédios da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) foram encontrados depredados, pichados e com objetos furtados em vistoria realizada na última sexta-feira (23). No mesmo dia, dois professores foram agredidos em uma reunião com estudantes.
As depredações ocorreram no Centro de Filosofia e Ciências Humanas e no Centro de Artes e Comunicação da universidade. Segundo a reitoria, foram encontradas pichações em paredes e portas, além de arrombamentos em salas de aula e de professores, com destruição de móveis e equipamentos.
Nos outros seis prédios da UFPE que também foram ocupados por estudantes não foram constatados danos.
Os estudantes ocuparam a universidade em outubro, em protesto contra a PEC 55, que estabelece limites de gastos do governo federal nos próximos 20 anos. Os prédios foram desocupados na última quinta-feira (22).
Entre as salas depredadas está a do professor do curso de filosofia Rodrigo Jungmann. Em uma rede social, o professor postou fotos da sa- la, com estantes quebradas e livros destruídos.
Há pichações na parede da sala com as expressões “burguês de merda” e “Stalin matou pouco”, numa referência ao ditador soviético Josef Stálin. Jungmann é conhecido por seu posicionamento político de direita.
A Folha não conseguiu contato com o professor nesta segunda-feira (26). Na internet, ele postou as fotos afirmando que um “bando de comunistas” não o vão calar. O docente declarou ainda que pretende processar os autores da depredação.
Em nota, a reitoria da UFPE informou vai instaurar comissões de inquérito administrativo “para apurar os danos ao patrimônio público e furtos” ocorridos nas dependências da universidade.
A UFPE também vai apurar a agressão a dois professores na última sexta-feira (23) durante uma reunião do Conselho Coordenador de Ensino, Pesquisa e Extensão realizada para ajustar o calendário acadêmico.
Segundo a reitoria, 13 estudantes que participaram das ocupações na universidade compareceram como convidados à reunião. Parte deles discordou da aprovação do reinício das aulas em 9 de janeiro e bloqueou a porta do auditório da reitoria para evitar a saída dos conselheiros.
Um dos professores tentou sair e foi agredido pelos estudantes. Outro docente interferiu e também sofreu agressão. Os nomes dos professores não foram divulgados.