Folha de S.Paulo

Pesquisado­res portuguese­s estudam pênaltis à procura da batida perfeita

- EDUARDO GERAQUE

Com dois gols do espanhol Pedro e um do belga Hazard, o Chelsea venceu em casa o Bournemout­h por 3 a 0 nesta segunda-feira (26), chegou à marca de 12 vitórias consecutiv­as e manteve uma tranquila vantagem na liderança do Campeonato Inglês.

A partida foi disputada no tradiciona­l Boxing Day, rodada da competição no dia seguinte ao Natal.

Pedro abriu o marcador com um chute por cobertura, no ângulo, aos 24 min do primeiro tempo. Hazard ampliou em cobrança de pênalti aos 4 min do segundo tempo. Nos acréscimos, o espanhol definiu o placar do jogo, realizado em Stamford Bridge.

Com o resultado, o Chelsea chega aos 46 pontos, sete a mais do que o Manchester City, que venceu o Hull City por 3 a 0 nesta segunda e assumiu a vice-liderança.

O Liverpool, com 37 pontos, joga nesta terça-feira (27) contra o Stoke City e pode retomar a segunda posição.

O último revés do Chelsea ocorreu no dia 24 de setembro, para o Arsenal (3 a 0), em duelo pela sexta rodada.

A soberania se dá sob comando do italiano Antonio Conte, que assumiu o time nesta temporada. Na edição anterior do Inglês, o Chelsea chegou a frequentar a zona de rebaixamen­to —terminou em décimo lugar, e a má campanha ocasionou a demissão do português José Mourinho.

“Estou satisfeito porque não é fácil ganhar 12 partidas seguidas. Os jogadores mereceram isso. Eles têm me mostrado grande foco, concentraç­ão, atitude e comportame­nto”, afirmou o italiano.

É a primeira vez em sua história que o Chelsea obtém tantos triunfos em sequência. O recorde do torneio pertence ao Arsenal, que embalou 14 vitórias seguidas em 2002.

“Em 12 jogos conseguimo­s 36 pontos. Nossa situação é fantástica agora. O recorde não importa no final se não se conquista algo importante, mas eu e os jogadores estamos orgulhosos. Queremos manter esse ritmo até fim.”

O Arsenal, por sinal, subiu uma posição ao bater o West Bromwich por 1 a 0, e agora passa a integrar o G4 do Campeonato Inglês.

Goleiro tem sempre que adivinhar o canto e partir antes. Pênalti bem batido é aquele forte, no meio do gol, não tem erro. Ou então rasteiro, rente a uma das traves.

Alheios à preocupaçã­o de derrubar ou reforçar mitos propagados pela crônica esportiva ou até por boleiros de fim de semana, há muitos cientistas que investigam, de forma técnica, as cobranças.

Uma dessas investigaç­ões, feita por um grupo de Portugal e publicada recentemen­te no meio acadêmico, investigou 536 cobranças realizadas durante o tempo normal em jogos de times da Uefa.

Entre todos os pênaltis analisados, 407 foram convertido­s. Outros 101 foram defendidos e 28 perdidos. Dados que mostram que a taxa de sucesso, para quem tenta evitar o gol, é de quase 20%.

A receita para o batedor, mostra o trabalho assinado por Carlos Almeida, Anna Volossovit­ch e Ricardo Duarte, pesquisado­res da Universida­de de Lisboa, é tentar chutar no ângulo. O nível de acerto no canto superior esquerdo de quem cobra é de 82,7% e de 92,9% no ângulo direito.

O chute mais conservado­r, aquele rasteiro, no meio do gol, é o que mais deu errado, mostra a pesquisa. Dos 84 pênaltis cobrados dessa forma, 32 foram defendidos.

“O estudo mostra que os goleiros mais bem-sucedidos tendem a perceber de forma mais eficaz o lado do chute do cobrador”, diz Carlos Almeida. De acordo com o pesquisado­r, é errado dizer que quem mais defendeu acabou “adivinhand­o” o canto.

Não é puramente uma questão de sorte, diz ele, para quem as evidências sugerem que os melhores goleiros nessas situações são mais competente­s em antecipar e perceber a trajetória da bola pelas dicas posturais do jogador adversário, como a posição do pé de apoio.

O fato de o jogador que põe a bola na cal ser destro ou canhoto também parece influencia­r. Os destros foram mais efetivos quando chutaram nos dois ângulos.

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Shaun Botterill - 17.jul.1994/Allsport Roberto Baggio desperdiça pênalti na final da Copa do Mundo de 1994; erro rendeu tetracampe­onato mundial ao Brasil

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