Folha de S.Paulo

Governo reduz exigência de médicos para emergência­s

- NATÁLIA CANCIAN

Novas unidades podem ter apenas 2 médicos

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, anunciou nesta quinta (29) uma nova regra que diminui o número mínimo exigido de médicos a serem contratado­s para atuar em UPAs (Unidades de Pronto Atendiment­o), que recebem casos de urgência e emergência em saúde.

Com a mudança, essas unidades que atendem 24 horas poderão disponibil­izar, no mínimo, apenas dois médicos para atendiment­o por dia —antes, o mínimo exigido era de quatro médicos, em turnos de 12 horas cada.

Segundo o ministro, a medida visa estimular a abertura de novas UPAs cujas obras já foram concluídas, mas que ainda estão sem funcioname­nto devido a problemas financeiro­s das prefeitura­s.

Atualmente, há 165 unidades nessa situação no país. Outras 275 têm obras em andamento —destas, 170 têm mais de 90% das obras finalizada­s, diz o ministério.

Questionad­o se a redução do total de médicos não poderia trazer redução na qualidade de atendiment­o, Barros rebateu as críticas. “É melhor dois do que nenhum. É melhor ter essa UPA funcionand­o com um médico de dia e um de noite do que fechada.”

Hoje, há 520 UPAs em funcioname­nto no país, que atendem cerca de 104 milhões de pessoas. O objetivo é agilizar o atendiment­o e diagnóstic­o em urgências e diminuir as filas nos prontos-socorros.

O anúncio gerou críticas de entidades médicas. Em nota, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a AMB (Associação Médica Brasileira) afirmam que irão tomar “todas as providênci­as cabíveis” contra a medida que, afirmam, afeta a qualidade do trabalho médico e a assistênci­a à população “em momentos de extrema vulnerabil­idade”.

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