Folha de S.Paulo

Spielberg e seus dinos deram suporte a achado

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COLABORAÇíO PARA A FOLHA

No cinema hollywoodi­ano, as grandes liberdades criativas acabam não andando de mãos dadas com a verossimil­hança. Percepções científica­s errôneas também são muitas vezes fomentadas pela sétima arte. Não foi esse o caso do xixi de dinossauro.

Apesar da força das evidências apresentad­as pelos cientistas brasileiro­s, a primeira publicação descrevend­o o xixi dos dinossauro­s foi recebida inicialmen­te com uma certa dose de desconfian­ça pela comunidade científica.

Marcelo Fernandes reconhece que, inicialmen­te, foi preciso lidar com a perplexida­de de alguns de seus colegas. Ele diz, porém que a série de filmes “Jurassic Park” deu uma forcinha na hora de populariza­r o conceito.

“Foi mesmo sorte, mas o nosso trabalho saiu um pouco depois do lançamento de um dos filmes do ‘Jurassic Park’ [o terceiro, ‘Jurassic Park 3’, lançado em 2001]. E tinha uma cena em que o bicho fazia xixi. Isso deu uma forcinha”, diverte-se o pesquisado­r.

Atualmente, tanto o termo quanto o conceito já estão amplamente consolidad­os entre os cientistas da área. E o xixi do dinossauro de Botucatu ganhou fama internacio­nal.

O chamado holótipo —o primeiro exemplar a ser descrito e que é usado como referência— está retratado em livros pelo mundo todo e já virou até mesmo destaque em uma exposição. Quem estiver curioso e quiser conhecer mais de perto o urólito, pode visitá-lo no Museu da Ciência de São Carlos, no interior de São Paulo.

Mesmo com a relativa ampla aceitação da comunidade científica, ainda existe um tiquinho de polêmica que apimenta a questão do urólito.

Há um grupo de pesquisado­res, a maioria nos Estados Unidos, que considera que deveria ocorrer uma alteração de nome. Em vez de urólito —que quer dizer “urina de pedra”—, esses cientistas propõem o termo urinólito —que significa a “urina deixada no sedimento que virou pedra”. Seja qual for, o dino de Botucatu deixou sua marca. (GM)

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