Um ano a ser sempre lembrado
Tenho participado de eventos de fim de ano e, em todos, são reiteradas as manifestações no sentido de que 2016 foi um ano terrível, que precisa ser suplantado. Essa avaliação negativa decorre das dificuldades econômicas e da desesperança que cresce a cada novo escândalo.
Muito embora reconheça que 2016 não foi fácil e já vislumbre um tormentoso 2017, penso que o ano que termina não pode ser esquecido —muito pelo contrário.
Graças à apresentação de pedido de impeachment, mediante processo constitucional, legal e transparente, a presidente da República foi afastada de seu cargo, por força dos crimes de responsabilidade cometidos, todos sobejamente comprovados.
Até a chegada de referido pedido, vigorava um sistema de acomodação, no qual poderosos não apontavam os crimes e abusos de outros poderosos, com o fim de não ver os seus próprios desvios desnudados.
O processo de impeachment de Dilma Rousseff abriu portas para o afastamento e cassação de Eduardo Cunha, acelerando o andamento da persecução penal.
Além de quebrar o círculo vicioso e o verdadeiro compadrio que existia, o processo de impeachment permitiu a conscientização acerca da importância da responsabilidade fiscal. Não foi por coincidência que, em outras esferas de poder, os órgãos de controle passaram a funcionar com maior severidade —basta olhar o número de procedimentos e até de prisões a alcançar governadores, ex-governadores, prefeitos e ex-prefeitos.
O descortinar dos ajustes estabelecidos entre governo e empreiteiras, inclusive com remessa de bilhões de dólares ao exterior, salvo entre os crentes do petismo, deitou por terra a falácia de que Lula e Dilma seriam perseguidos políticos. Se antes eram vistos como pais dos pobres, ficou claro terem sido mães para os ricos.
As colaborações premiadas que vão se tornando públicas mostram que, por muito tempo, alguns empresários mandavam mais do que os próprios presidentes da República, sendo significativo o fato de esses empresários estarem agora presos.
O fortalecimento das operações policiais estimulou que parlamentares começassem a levantar eventuais ilicitudes no âmbito do Poder Judiciário e do Ministério Público, conferindo publicidade aos chamados supersalários e à prática comum de ultrapassar o teto constitucional, por meio da concessão de benefícios de forma coletiva e irrestrita.
Apesar de tal movimento ser identificado como retaliação, necessário reconhecer que precisava ser feito.
Nota-se que, ao mesmo tempo em que deixa de aceitar a corrupção institucionalizada, o povo brasileiro passa a questionar benesses incompatíveis com repúblicas muito mais ricas que o Brasil. Em suma, não vamos ficar calados nem diante das ilegalidades nem frente às imoralidades.
Sempre foi muito cômodo aos poderosos fazer menção ao nosso povo como cordato e conciliador, pois o cordial costuma ser submisso.
Diversamente do alardeado, 2016 não foi o ano perdido. O cidadão comum, ainda que assustado com a lama que eclodiu, voltou a acreditar que é possível tomar as rédeas do destino do país.
Parafraseando a escritora Ayn Rand em seu clássico “A Revolta de Atlas”, penso que 2016 foi o ano da revolta dos otários, aqueles que trabalham para pagar os tributos, até então, sem direito a opinar.
Um povo maduro enxerga sua realidade, por pior que seja, a fim de transformá-la. Este foi o ano de diagnosticar a difícil realidade; 2017 pode ser o da transformação.
Desejo a todos um ano novo com os pés no chão e os olhos bem abertos! A meta é impedir que volte a imperar o silêncio da cumplicidade. Nos corações, que reine a tranquilidade de que é certo fazer o certo. JANAINA CONCEIÇÃO PASCHOAL
Alckmin e Doria decidem em conjunto congelar as tarifas de transporte em São Paulo. Ah se fossem do PT! Populismo, proselitismo barato, irresponsabilidade e traição é o mínimo que se ouviria e leria nos meios de comunicação.
ADEMAR G. FEITEIRO,
O congelamento das tarifas da CPTM e Metrô pelo governador Geraldo Alckmin é uma grande ajuda à população nesse momento de crise econômica, principalmente aos trabalhadores mais pobres.
WELBI MAIA BRITO
Investigações Preciso e oportuno o artigo de Gilmar Mendes (“A República corporativa”, “Tendências/Debates”, 28/12). Há, em certos setores do Judiciário e do Ministério Público, uma ânsia de poder, que precisa ceder lugar ao empenho por maior eficiência na prestação jurisdicional. E um espírito de corpo, perigosamente autoritário, que parece pretender contrapor-se ao próprio Estado.
PAULO ROBERTO DE GOUVÊA MEDINA,
O vínculo nefasto entre a frivolidade da vida cotidiana e a política, analisado por Vladimir Safatle (“A festa não pode parar”, “Ilustrada”, 30/12), tem uma face evidente no sistema judiciário. Neste ano, juízes e procuradores usaram seus poderes para converterem inquéritos e denúncias em eventos midiáticos. São ministros do Supremo que adoram um microfone, juízes que não respeitam o sigilo das provas e divulgam grampos no calor da hora, além de membros do Ministério Público que convocam entrevistas coletivas para teatralização da política através de slides de quinta categoria.
HAROLDO H. SOUZA DE ARRUDA
Com relação à licitação da comida do avião presidencial, há três pontos a considerar. 1) Como disse Vinicius Torres Freire, muito do que se ouviu por aí foi populismo jeca. 2) Esse governo tem um talento especial para se desgastar quando mais precisa de apoio. 3) A imprensa, uma vez que começou, deveria contar o milagre todo. Esse avião existe desde 2005. Presume-se que se comia alguma coisa nos voos, né? Comia-se o quê? Custava quanto?
MARCIO MACEDO
Ambulante morto Em atenção à manifestação do leitor Marcelo de Lima Araújo (29/12), o Metrô esclarece que na ocorrência da noite do dia 25, na estação Pedro II, o Centro de Controle da Segurança acionou os agentes de segurança que estavam realizando rondas nas estações vizinhas (Sé e Brás). Esses funcionários chegaram à estação Pedro II em seis minutos e prestaram os primeiros socorros, além de acompanharem a condução da vítima até o Pronto Socorro Vergueiro. O Metrô colaborou prontamente com a autoridade policial para o esclarecimento do crime.
MURILO PIZZOLOTTI,
Debbie Reynolds Belo o texto de Guilherme Genestreti sobre a morte de Debbie Reynolds, ironicamente a “mãe de Carrie Fisher”. Ultimamente, graças à internet, tive acesso nostálgico a vários filmes de Debbie que marcaram minha distante juventude. Eu destacaria que ela foi indicada ao Oscar pelo filme “A Inconquistável Molly Brown”, onde interpretou, de maneira magnífica, uma caipirinha que enriquece sem fazer política e chega a participar do naufrágio do Titanic (“Debbie e Carrie tiveram relação turbulenta”, “Ilustrada”, 30/12).