Mulher é suspeita de encomendar morte de embaixador grego
Justiça do Rio decretou prisão de viúva, de policial militar com quem ela tinha caso extraconjugal e de um primo dele
Investigação aponta para crime passional; mulher nega que tenha planejado morte, de acordo com a polícia
A pedido da Polícia Civil do Rio de Janeiro, a Justiça decretou nesta sexta-feira (30) a prisão temporária de Françoise Amiridis, 40, mulher do embaixador da Grécia no Brasil, Kyriakos Amiridis, 59. Ela é suspeita pela morte do diplomata, que estava desaparecido desde segunda (26).
Um policial militar e o primo dele também foram apontados pela polícia como suspeitos do assassinato do embaixador e tiveram a prisão temporária decretada.
O pedido foi feito após a polícia identificar que é de Amiridis o corpo encontrado carbonizado na última quinta (29) dentro de um carro sob um viaduto em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense.
Para a investigação, o PM e Françoise tinham um caso extraconjugal, o que os dois confirmam, e o crime teve motivação passional.
Embora enfatize que as investigações são preliminares, a polícia trabalha com a hipótese de que o crime tenha sido planejado pelo casal para que a viúva herdasse os bens.
Segundo o delegado Evaristo Pontes, o soldado da PM Sergio Gomes Moreira Filho, 29, confessou ter matado o diplomata. Em depoimento, negou que o ato fosse premeditado e disse que foi resultado de luta corporal entre os dois.
Depois de matá-lo, teria convocado seu primo, Eduardo Moreira, 24, para ajudá-lo a se desfazer do corpo.
Segundo a polícia, Eduardo afirma que Françoise não participou do assassinato, mas o planejou e lhe ofereceu R$ 80 mil, valor que seria pago depois da execução.
Ainda de acordo com a polícia, Françoise diz que sabia que Sergio matara o embaixador, mas nega que tivesse planejado ou soubesse do crime. Afirma que apenas no dia seguinte o PM lhe contou sobre o que acontecera.
O soldado está na PM desde 2012 e trabalhava na UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) Fallet/Fogueteiro.
Ele será submetido a processo administrativo disciplinar e um conselho decidirá por sua permanência ou exclusão da instituição. Ele deve ser encaminhado para a unidade prisional da PM.
Os três suspeitos estavam detidos na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense e devem ser transferidos para o presídio de Bangu neste sábado (31).
“A Polícia Civil deu uma primeira resposta, mas ainda faltam algumas diligências para que possamos considerar o caso encerrado. Pedimos desculpas à população grega pelo fato. Estamos diante de um caso isolado, passional”, disse o delegado Rivaldo Barbosa, chefe da Divisão de Homicídios do Estado.
A polícia não informou se os suspeitos já tinham algum advogado de defesa. VIÚVA A mulher do embaixador chegou à delegacia por volta das 10h desta sexta, acompanhada apenas por um policial. À tarde, sua mãe e dois irmãos foram ao local, mas não conseguiram falar com ela.
Ainda segundo as investigações, Kyriakos Amiridis teria sido morto na própria casa e, na sequência, seu corpo teria sido retirado do local pelo PM e levado no próprio carro alugado pelo embaixador.
Um sofá com manchas de sangue foi encontrado na casa em que o casal estava hospedado. O móvel foi levado para a delegacia durante a madrugada e também passou por uma perícia técnica. “É um caso trágico, um crime covarde. Mas tivemos a resposta no prazo mais curto possível”, disse o delegado Pontes.
Foi a própria viúva do embaixador que comunicou o sumiço do marido à Polícia Federal. De imediato, a PF avaliou que o desaparecimento não tinha relação com a atividade diplomática de Amiridis —por isso, o caso foi encaminhado à Polícia Civil.
O embaixador estava de férias no Rio até o próximo dia 9, quando deveria voltar ao trabalho na embaixada em Brasília. Ele e Françoise têm uma filha de dez anos.
Amiridis já foi cônsul no Rio de 2001 até 2004. Em janeiro deste ano, assumiu o posto em Brasília.