Elizabeth Gilbert dá dicas para ter vida criativa em livro
‘Grande Magia’ surgiu das respostas de desconhecidos à pergunta ‘O que mais te anima na sua vida hoje?’
Ao falar sobre a nova obra, autora de ‘Comer, Rezar, Amar’ mantém privacidade sobre namoro com amiga FOLHA,
“Conheci uma garota e estou apaixonada.” A frase vem quase como uma confissão, no palco de um teatro lotado de Los Angeles. Quem fala é a escritora americana Elizabeth Gilbert, famosa pelo livro de memórias “Comer, Rezar, Amar” (2006), no qual ao final ela conhece um brasileiro com quem acaba se casando, história que rendeu outra publicação de sucesso, “Comprometida” (2010).
Mas ao contrário do que fez no passado, detalhando a vida em livros e em redes sociais, Gilbert, 47 anos, quer manter a privacidade do novo relacionamento, pelo menos por ora. Faz poucos meses ela anunciou que havia se separado de José Nunes após nove anos de casamento porque estava apaixonada por sua melhor amiga, a escritora e música Rayya Elias, que havia sido diagnosticada com câncer de fígado e de pâncreas.
“Vou esperar o dia em que achar importante falar sobre isto. Agora, quero viver o momento”, disse Gilbert à Folha.
Sobre a reação do ex-marido gaúcho ao saber da namorada gay, ela deu risada e pediu privacidade. “Não acho que nosso casamento foi um fracasso. Não tenho vergonha que acabou. Tenho outros sentimentos, sim, mas não quero falar sobre eles agora”, continuou a autora. Ela visitou o Brasil uma vez e chegou a estudar português. “Acabou com meu italiano”, riu.
Acompanhando a entrevista estava Rayya Elias. Neste ano, ela lançou a autobiografia “Harley Loco”, em que fala sobre a cena punk de Detroit, seu talento para cortar cabelos e os perrengues que passou com drogas e como sem-teto nas ruas de Nova York.
Amiga de Gilbert há mais de 15 anos, Elias é rápida nos elogios ao ser questionada sobre como a namorada se desenvolveu como escritora após o sucesso de “Comer, Rezar, Amar”, que inspirou filme com Julia Roberts em 2010. “Sua voz sempre aparece em seus escritos, e suas histórias são sempre palpáveis e fáceis de absorver.”, disse Elias.
O best-seller completou dez anos em 2016 e ganhou edição de aniversário. “Reli pela primeira vez desde a publicação e foi doloroso voltar para uma época tão obscura e depressiva da minha vida”, disse. “Também fiquei um pouco envergonhada de algumas passagens... Como quando conto logo de cara que estava interessada em Giovanni. Mas não mudamos nada, é um registro de quem fui.”
No teatro em Los Angeles, a autora falou de seu novo trabalho, “Grande Magia” (Objetiva), um livro com dicas para manter uma vida criativa sem ansiedades. “Não sou uma esnobe contra livros de autoajuda porque não me vejo como alguém que não precisa de ajuda”, disse.
Ao público, ela contou que, para fazer jus aos seus ensinamentos, decidiu criar um projeto pessoal para se manter inspirada mesmo durante uma cansativa viagem de quatro meses para divulgar a obra. Ela se obrigou a travar conversa com cada um dos desconhecidos que cruzavam seu caminho, começando com um simples questionamento: “O que mais te anima na sua vida hoje?”
A variedade de respostas inusitadas —como um guarda mal-encarado que se derrete ao contar sobre um novo amor ou a maquiadora entusiasmada com as descobertas em Marte— preencheu quase todo seu papo. E quando alguém da plateia conseguiu lhe devolver a pergunta, ela não titubeou: “Conheci uma garota e estou apaixonada”.