Folha de S.Paulo

Após crise em 2015, Beto Richa fecha ano com respiro no PR

Governador tucano, que começou mandato sob protestos e forte ajuste fiscal, vê rivais enfraquece­rem

- ESTELITA HASS CARAZZAI

Paranaense terá aliado na prefeitura e pagou salários em dia, mas não concederá reajuste prometido

Beto Richa (PSDB) ganhou menos cabelos brancos no ano que passou.

O governador do Paraná, que enfrentou uma queda sem precedente­s na sua popularida­de em 2015, com greve, ajuste fiscal, protestos e professore­s feridos num confronto com policiais, termina 2016 com um respiro político.

“Graças a Deus”, disse Richa à Folha. “A situação é bem melhor.”

Com um ajuste iniciado há dois anos e duramente criticado, que tirou dinheiro da Previdênci­a, elevou impostos e aumentou a taxação dos aposentado­s, o governo do Paraná teve condições de pagar os salários em dia e fechar o ano com superavit —coisa que outros Estados não têm conseguido fazer.

Além disso, o tucano viu seu capital político crescer mesmo com baixa popularida­de, com a eleição do aliado Rafael Greca (PMN) para a prefeitura de Curitiba, uma importante vitrine eleitoral, e o enfraqueci­mento dos eventuais adversário­s em 2018.

O ex-senador Osmar Dias (PDT), que foi seu adversário em 2010, agora se aproxima de Richa. Foi homenagead­o pelo governador na última semana e ensaia uma eventual aliança. Já Gleisi Hoffmann (PT), ré na Operação Lava Jato, perdeu musculatur­a política junto com a investigaç­ão e o desgaste do PT no Estado.

Apesar do respiro, a situação do tucano está longe de ser confortáve­l. Richa ainda é desaprovad­o por 61% da população, segundo o instituto Paraná Pesquisas. Em 2015, o índice era de 71%.

Apesar dos salários em dia, o governo anunciou que não irá conceder reajuste e progressõe­s aos servidores como havia prometido, e foi criticado pelo “calote”.

“Qual é a grande obra do Richa? É pagar o décimo terceiro. Isso é obrigação”, diz o deputado Requião Filho (PMDB), líder da oposição.

A arrumação fiscal, hoje propagada como o grande legado de Richa, surgiu para corrigir excessos do próprio governo, que havia gastado mais do que podia, como afirmou o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo.

Com o agravament­o da crise econômica, porém, o ajuste ajudou o Paraná a diferir de outros Estados. “Quem sabe o Paraná hoje seria um Rio de Janeiro”, diz Richa. “Nós nos antecipamo­s à crise.”

“Ele não se antecipou a nada; ele fez o ajuste porque precisava”, afirma o deputado Tadeu Veneri (PT).

Para a oposição, há um “artificial­ismo” no discurso de Richa, que não condiz com a reprovação das ruas.

A imagem do tucano, ainda assim, melhorou nacionalme­nte. O secretário da Fazenda, que chegou a ser apelidado de “Maurinho malvadeza” ao chegar ao Estado, tem sido chamado por outros governador­es e prefeitos para expor o que foi feito no Paraná.

Richa voltou a ganhar moral entre tucanos de alta plumagem, como o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. “Ele fez a lição de casa, e hoje é um bom exemplo”, afirmou à Folha ao visitar o Estado em dezembro.

Para aliados, é “um craque”, como diz o deputado Luiz Cláudio Romanelli (PSB). Para adversário­s, dono de “um pragmatism­o tipo ‘toma lá, dá cá’ que tem destruído a política”, opina Veneri.

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Arnaldo Alves - 19.dez.16/ANPR O governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), ao participar de solenidade em Curitiba

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