Folha de S.Paulo

ANÁLISE Derrota na OMC força país a buscar caminhos para política industrial

- DIEGO BONOMO JOÃO EMILIO GONÇALVES SORAYA ROSAR

segunda-feira (2).

Na rede de hipermerca­dos Walmart, os produtos terão desconto de até 50% em departamen­tos como utilidades domésticas, eletroelet­rônicos, moda, alimentos e limpeza. Serão oferecidos descontos em todas as bandeiras do grupo, como Big, Bompreço Mercadoram­a e Nacional.

A rede anunciou ainda condições especiais para itens de mostruário nas categorias de eletroelet­rônicos, com parcelamen­to mais longo em cartões da companhia.

Nas Casas Bahia e no Pontofrio, administra­dos pela Via Varejo, do Grupo Pão de Açúcar, os saldões terão prazos de pagamento esticados.

Nas lojas Casas Bahia, todos os produtos poderão ser pagos em até 14 vezes sem juros no cartão da marca. Compra com o carnê tem prazo de até 18 vezes.

Já os clientes do Pontofrio poderão parcelar em até 16 vezes. A liquidação seguirá até que os estoques em oferta acabem.

Nos hipermerca­dos Extra, também do Pão de Açúcar, terão descontos itens de bazar, têxtil e eletrodomé­sticos.

No Carrefour, serão feitas promoções do tipo compre e ganhe, e clientes com o cartão da loja terão descontos adicionais. Entre as principais ofertas, estão eletrodomé­sticos e eletroelet­rônicos em até 15 vezes.

No Magazine Luiza, a liquidação ocorre em apenas um dia. Segundo a rede, são mais de 3 milhões de eletrodomé­sticos, eletroelet­rônicos, móveis, utilidades domésticas e informátic­a em liquidação.

A disputa comercial movida pela União Europeia e o Japão contra sete regimes da política industrial brasileira traz lições. O Brasil perdeu o caso na fase do painel, equivalent­e à primeira instância do sistema de solução de controvérs­ias da OMC (Organizaçã­o Mundial do Comércio).

Cabe recurso na segunda instância, mas é pouco provável que haja reversão significat­iva das decisões.

Quando finalizada essa etapa, o Brasil terá atravessad­o sua pior derrota na OMC. Houve outros dois casos em que instrument­os da política industrial local foram questionad­os por parceiros —o regime automotivo do governo FHC e o apoio do Proex à Embraer. Em nenhum deles houve uma contestaçã­o (e condenação) tão ampla.

Apesar da derrota, o Brasil continua a ser o quarto maior usuário do sistema de solução de controvérs­ias da organizaçã­o, o maior entre os países em desenvolvi­mento e o mais ofensivo entre os membros do G20, atrás apenas do Canadá. Nos últimos dois anos, o país iniciou quatro disputas para assegurar o acesso a mercado para açúcar (Tailândia), produtos siderúrgic­os (EUA) e carnes (Indonésia, duas vezes).

Assim, a primeira lição é que participar da OMC continua a ser um bom negócio.

Na disputa atual, o Brasil foi condenado por utilizar regimes que, grosso modo, baseiam-se em quatro medidas proibidas: discrimina­ção tributária entre produto doméstico e importado, subsídios vinculados à exigência de conteúdo local, subsídios à exportação e exigências relacionad­as à realização de investimen­to direto estrangeir­o.

De fato, parte desses regimes viabilizou investimen­tos em segmentos específico­s da indústria brasileira, que, provavelme­nte, não se realizaria­m em sua ausência. No entanto, alguns dos instrument­os poderiam ser substituíd­os por políticas horizontai­s, pois sua função é assegurar que as empresas possam competir sem serem afetadas pelo “custo Brasil”.

Como consequênc­ia, a segunda lição da disputa é que a derrota cria um estímulo positivo à realização de reformas há muito adiadas, como a tributária.

Por fim, cabe uma afirmação sobre a natureza dos acordos da organizaçã­o. A OMC não é antipolíti­ca industrial “per se”, mas é fato que instrument­os utilizados no passado pelas atuais potências comerciais não estão mais disponívei­s a países como o Brasil.

Desse modo, a terceira lição da disputa é que governo e setor privado brasileiro­s devem avaliar, com calma, como formular e executar política industrial.

Há três caminhos possíveis: adequá-la às regras existentes, negociar a modificaçã­o das regras (processo com elevado grau de incerteza e prazo longo) ou adotar e manter regimes vulnerávei­s a questionam­entos.

Toda grande economia que perde um caso dessa magnitude avalia esses caminhos. Para tanto, o primeiro passo é, justamente, reconhecer as lições dessa disputa. DIEGO BONOMO GONÇALVES

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JOÃO EMILIO SORAYA ROSAR

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